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Que museus queremos?

Muitos museus brasileiros tornaram-se notáveis instituições de promoção de cultura, educação, ciência e polos de atração turística. O que vem acontecendo há tempos mundo afora, intensificou-se recentemente e espalhou-se pelo Brasil.

Instituições como o Instituto Brennand, no Recife, Inhotim, em Brumadinho, Museu de Ciências e Tecnologia da PUC-RS, em Porto Alegre, Museu da Gente Sergipana, em Aracajú, Museu Niemeyer, em Curitiba, museus da Língua Portuguesa, Pinacoteca, Catavento, Masp, em São Paulo, e o recém inaugurado Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, dentre outros (a lista é grande!), além de salvaguardar a memória de uma região, período histórico ou promover uma linguagem, interagem com a comunidade, promovem o acesso e movimentam a economia local.

Em Mato Grosso, temos neste momento a oportunidade de refletir sobre o futuro de nossos equipamentos culturais, a partir da decisão do Governo do Estado em priorizar investimentos e reformular os parâmetros de gestão. Precisamos nos perguntar que museus queremos para as próximas gerações? Como devem funcionar?

Que conteúdo devem priorizar? Como deverão desenvolver seus programas educacionais? Como poderão contribuir para a rede pública de ensino? Que estratégias de sustentabilidade devem buscar? As respostas destas e outras perguntas poderão ser aplicadas aos textos dos editais publicados pela Secretaria de Estado de Cultura (SEC) para consulta pública na semana passada. Serão eles que regerão os contratos com as instituições vencedoras do processo seletivo para a gestão compartilhada destes equipamentos.

São cinco novos editais para a gestão de sete equipamentos culturais: Museu de Arte (Casa dos Governadores), Palácio da Instrução (piso superior), Galeria Lava Pés, Museu de Arte Sacra, Museu Histórico, Museu de História Natural (antigo Museu de Pré-História) e o recém-inaugurado Memorial Rondon, em Mimoso, este último em parceria com as secretarias de Educação (Seduc), Desenvolvimento Econômico (Sedec) e Ciência, Tecnologia e Inovação (Secitec). As minutas servem como base para que a sociedade participe, opinando e sugerindo melhorias, a partir de seus anseios, expectativas e experiências.

Nestas propostas iniciais, pode-se verificar uma nova forma de funcionamento dos equipamentos, estruturada nos pilares da difusão e da formação. A primeira engloba atividades institucionais como manutenção do espaço, curadoria, exposições, manutenção da reserva técnica e outras atividades relacionadas ao funcionamento do espaço; e a segunda, na promoção de atividades educacionais como cursos, oficinas, workshops, encontros, simpósios, e outros, que deverão ser ofertados à população de forma gratuita ou a preços populares.

A redefinição dos parâmetros de funcionamento dos museus, Galeria e Memorial inclui o desenvolvimento de planos museológicos específicos, planos de preservação e aquisição de acervos, de estratégias de formação continuada para profissionais dos museus, desenvolvimento de projetos sócio-pedagógicos e culturais que ampliem os laços da comunidade com os equipamentos, modernização, segurança, acessibilidade, núcleos de pesquisa, horários ampliados de atendimento, e finalmente um plano de comunicação específico para cada exposição, com mediadores qualificados e atividades paralelas interessantes, que envolvam os mais diversos setores da sociedade.

Estas mudanças concretizam diversos aspectos do Plano Estadual de Cultura, Lei 10.363, de janeiro de 2016, também construída com ampla participação social, em especial a preservação e promoção do patrimônio histórico e artístico e a ampliação da celebração de contratos visando a gestão compartilhada destes equipamentos.

Quando assumimos a Secretaria de Cultura em janeiro de 2015, fizemos um diagnóstico dos museus em funcionamento no Estado. Eram 60 museus, distribuídos em 33 municípios, sendo 48 públicos e 12 privados, em diferentes áreas de atuação, de acordo com a tipologia do acervo, com predomínio das artes visuais (praticamente 60% do total).

Tínhamos ainda acervos relacionados à História, Imagem e Som, Arqueologia, Antropologia e Etnografia, Ciências Naturais e História Natural, Ciência e Tecnologia, Biblioteconômico e Documental. Este diagnóstico apontou deficiências nos instrumentos de gestão, sistemas de registro de acervos, estrutura física, acesso, segurança e controle patrimonial, além de estarem impossibilitados de buscar alinhamento as políticas nacionais, já que o Estado não dispunha de politica própria. Ainda assim, mesmo com orçamentos extremamente baixos, os museus operaram bravamente, buscando parcerias para a realização de exposições interessantes e criativas.

Do ano passado para cá, avançamos a passos largos e concretizamos, com estes novos paradigmas, mais um compromisso assumido pelo Governador Pedro Taques em sua “Proposta de Governo”. Nela, já era prevista a ampliação da participação do setor cultural na economia de Mato Grosso e seu reenquadramento na agenda pública, com a democratização do acesso ao patrimônio cultural mato-grossense a partir de políticas educativas e afirmativas.

Sonhamos que os museus de Mato Grosso possam, num futuro próximo, se equiparar aos melhores do Brasil, com exposições arrojadas e atrativas, acessíveis e gratuitas, complementando a formação básica oferecida pelas escolas e atraindo a população para visitação nas quentes tardes de domingo.

Acesse www.participacaosocial.mt.gov.br e participe! Todos podemos contribuir para a construção das políticaS públicas estaduais.

 Leandro Carvalho é secretário de Estado de Cultura de Mato Grosso.


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