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Silval diz que comprou apoio do DEM em 2010

Da Redação Sávio Saviola

Após ser alvo de declarações agressivas do adversário Wilson Santos (PSDB) durante a campanha eleitoral de 2010, quando disputava a reeleição ao governo, Silval Barbosa (PMDB) teria comprado o apoio de lideranças dos Democratas (DEM), que compunha chapa com o tucano, em negócios que teriam chegado às quantias de R$ 4 milhões junto ao então candidato a deputado federal Júlio Campos e de R$ 1,5 milhão junto ao então candidato a vice-governador Dilceu Dal Bosco.

É o que afirma o ex-governador Silval Barbosa em sua delação premiada firmada junto ao Ministério Público Federal (MPF) e já homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux. As declarações foram prestadas à procuradora da República Vanessa Zago no dia 18 de maio deste ano.

Diante disso, como Silval possuía a simpatia de muitos prefeitos dos DEM, que gostariam de apoiá-lo, mas que por conta da fidelidade partidária estavam apoiando a campanha de Wilson Santos, o ex-governador diz que procurou Júlio Campos, que é uma liderança no partido, informando-o sobre as conversas que teve com Wilson sobre a compra de apoio.

Júlio Campos teria ficado irritado com atitude do tucano, alegando que, como seu vice Dilceu Dal Bosco era do DEM, ele havia prometido recursos financeiros para a campanha de candidatos a deputado do DEM, o que ainda não havia sido cumprido.

Ao ouvir essa reclamação de Júlio Campos, Silval Barbosa afirma que solicitou que Júlio liberasse os prefeitos que simpatizavam com ele para que o apoiassem. Em troca disso, Silval iria ajudá-lo com as despesas de campanha que Wilson não havia cumprido.

A proposta teria sido aceita por Júlio Campos, que, depois de um levantamento, encaminhou ao ex-governador os custos do partido com candidaturas proporcionais. Conforme combinado, Silval repassou a Júlio o montante aproximado de R$ 4 milhões, entregues por meio do empresário João Carlos Simoni, proprietário da empresa Constil Construções e Terraplanagem Ltda.

Além de Júlio, Silval Barbosa teria firmado acordo também com Dilceu Dal Bosco para que ficasse inerte em relação à candidatura com Wilson e não agisse contra o peemedebista. Em troca disso, o ex-governador afirma que também assumiu dívidas de campanha de Dilceu e entregou a ele o valor de R$ 1,5 milhão, também por intermédio de João Carlos Simoni.

O delator reconhece que tal articulação política o auxiliou a se eleger no primeiro turno das eleições de 2010, quando foi eleito governador de Mato Grosso.

Wilson Santos diz que foi Silval quem tentou cooptá-lo

Por meio de nota, o secretário de Estado de Cidades Wilson Santos negou que tenha tentado vender seu apoio político a Silval Barbosa ou que dele tenha recebido qualquer contribuição financeira ou política do ex-governador.

Ele afirma que Silval tenta inverter os fatos e que foi este quem tentou cooptá-lo e não o contrário. Confira a nota na íntegra:

Esclareço à sociedade que o Sr. Silval Barbosa, réu confesso em mais de 50 crimes contra o patrimônio do povo mato-grossense, tenta inverter os fatos. Foi ele que confessou perante o Ministério Público Federal (MPF) que cooptou o Deputado Guilherme Maluf, o meu vice de chapa – Dilcel Dal Bosco, o Júlio Campos, e outros. E nessa linha criminosa tentou me cooptar.

Saliento que nunca, em momento algum da minha vida pública e privada e em todas as minhas campanhas eleitorais em Cuiabá e Mato Grosso, jamais recebi qualquer contribuição financeira ou política do Sr. Silval Barbosa. Aliás, ele próprio declara em sua delação ao Ministério Público Federal que não fez nenhum tipo de acordo comigo, financeiro nem político.

Wilson Santos

Júlio Campos nega influência sobre prefeitos

Ao Gazeta Digital, o ex-governador Júlio Campos disse que não tem acompanhado as notícias sobre a delação de Silval Barbosa porque está em São Paulo para tratamento médico. Em relação à acusação de venda de apoio do DEM por R$ 4 milhões, ele afirma que Silval deve estar equivocado porque, à época, ele nem era presidente estadual do partido, apenas candidato à deputado estadual e, mesmo assim, contava com o apoio de apenas um prefeito do interior.

“Ele deve estar se equivocando. Quem presidia o DEM e que podia falar sobre o partido e fazer qualquer negociação é o presidente do partido, que é o doutor Oscar Ribeiro. Na época, eu era só candidato a deputado federal. Era eu e o Leôncio Pinheiro candidatos a deputado federal do DEM. Não tinha nada a ver com o Silval. Aliás, dos prefeitos do DEM, o único que me apoiou foi um de Alto Garças, o Trentini. O resto todos votavam com o Homero Pereira, candidato à reeleição. Eles não me apoiavam porque eu tinha saída da política e votado naquele período, e não tinha muita ligação com o povo”, relembrou.

Para o democrata, Silval falou “besteira” e terá que provar o que disse. “Eu não acredito que o Silval falou uma besteira dessa. Em todo caso, como nesse momento está todo mundo falando besteira, se ele tiver prova de que pagou dinheiro pra candidatos do DEM, vamos aguardar. Deixa eu chegar em Cuiabá para ver. Nunca conversei com Silval sobre política. Sou adversário dele, como ia conversar com ele?”, se defendeu.

Dilceu Dal Bosco diz que há “inversão de valores”

Procurado pelo Gazeta Digital, o ex-deputado Dilceu Dal Bosco afirmou que o que está ocorrendo com a delação de Silval Barbosa é uma “inversão de valores” pois os citados é que tem que se defender e provar que são inocentes ao invés do delator provar o que diz. “É uma inversão de valores ter que provar que é inocente. É triste depois de tanto tempo fora da política ter que passar por isso. Eu saí para cuidar da minha saúde e nunca tive nenhum problema”, disse.

Em relação à acusação de que recebeu R$ 1,5 milhão de Silval, Dilceu afirma que “nunca houve nada disso da minha parte. Sou e fui adversário político do Silval Barbosa”. Ele também negou ter conhecimento sobre tratativas do peemedebista com Júlio Campos e prefeitos do interior. “Desconheço. Nunca participei. Eu estive com prefeitos do interior para fazer a minha campanha”.

Segundo Dilceu, ele já em busca de informações sobre a delação para saber sobre as citações contra sua pessoa para depois pensar em quais providências irá tomar.

A reportagem tentou contato com a empresa de engenharia Constil, mas as ligações não foram atendidas, o contato de empresário João Carlos Simoni, proprietário da construtora não foi obtido


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