O ex-presidente do Equador, Rafael Correa, que governou o país entre 2007 e 2017, foi convocado nesta quarta-feira a julgamento pelo crime de sequestro de um político opositor equatoriano ocorrido na Colômbia em agosto de 2012.
A juíza nacional do Equador, Daniella Camacho, tomou a decisão em uma sessão da audiência realizada na Corte Nacional de Justiça com sede em Quito, na qual convocou para julgamento outros três supostos envolvidos.
A Sala Penal da Corte Nacional de Justiça abrigou a última sessão da audiência preparatória de julgamento de quatro indiciados no caso,que tinham sido acusados pela Procuradoria Geral pelos crimes de formação de quadrilha e de sequestro de Fernando Balda, ex-legislador opositor a Correa brevemente sequestrado na capital colombiana em agosto de 2012.
“Realmente não é uma surpresa. Esperávamos algo assim”, disse aos jornalistas o advogado de Correa, Caupolican Ochoa, ao final da audiência.
“Durante as últimas semanas fomos testemunhas de uma pressão de caráter político sobre a senhora juíza, não só por parte do poder político, mas também dos meios de comunicação e de atores sociais”, acrescentou Ochoa.
Na fase preparatória do julgamento em setembro, a procuradoria tinha apresentado uma acusação contra o ex-presidente, o ex-secretário nacional de Inteligência, Pablo Romero, e os ex-agentes dos serviços secretos Diana Falcón e Raú Chicaiza.
Os dois últimos reconheceram ser autores materiais dos crimes e decidiram colaborar com a Justiça em troca de uma redução da pena.
Ambos ex-agentes asseguraram que as ordens lhes chegavam diretamente do ex-presidente através de Romero e seus testemunhos figuram entre os elementos principais apresentados contra Correa, que rejeita as acusações.
Por outro lado, Correa e Romero se encontram no exterior, o primeiro na Bélgica – onde vive desde julho de 2017 – e o segundo na Espanha.
O julgamento de Correa e Romero não poderá começar até que retornem ao país ou sejam capturados e extraditados.
O ex-presidente, alvo de um pedido equatoriano de detenção pela Interpol por descumprimento de medidas cautelares, denunciou ser vítima de uma perseguição política e acusa o poder judicial do seu país de falta de independência.
A magistrada solicitou à Interpol a divulgação de uma circular vermelha contra Correa com fins de extradição por sua ausência judicial e descumprimento de medida cautelar.
Por enquanto, o organismo internacional não informou oficialmente da sua resposta sobre tal solicitação.