O ex-secretário adjunto de Fazenda, Vivaldo Lopes, é acusado de usar de sua empresa de assessoria para “lavar” o dinheiro de propina recebida em um esquema operado no Departamento Estadual de Trânsito (Detran) durante a gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
A acusação faz parte da delação do empresário Antônio Barbosa, irmão de Silval, firmada com a Procuradoria-Geral da República e homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, no dia 9 de agosto.
Antônio diz que foi procurado no seu escritório, em 2011, por Vivaldo que buscava informação se o ex-governador Silval estava recebendo participação no esquema do lacre do Detran. Na época Vivaldo trabalhava com Eder Moraes e essa captação era feita pelo deputado estadual Mauro Savi (PSB) que “falava que dividia com Silval Barbosa, por isso Vivaldo Lopes queria certificar essa informação”, diz trecho da delação.
Ainda na reunião, Vivaldo contou que o esquema do lacre gerava uma propina entre R$ 65 mil e R$ 80 mil através do pagamento de R$ 4 por lacre. “A empresa contratada pelo Detran repassava a quantia mensal a uma empresa de assessoria do próprio Vivaldo Lopes e este sacava a quantia e entregava ao Deputado Estadual Mauro Savi”.
Antônio afirmou ainda que não sabia do esquema e procurou seu irmão Silval, que afirmou que também não tinha conhecimento “mas que já estão falando que estava recebendo, Silval Barbosa determinou ao Declarante para que “fosse para cima” e pegasse sua cota, uma vez que ainda tinha dívida de campanha e despesas com Deputados Estaduais”.
Em uma segunda oportunidade, Antônio disse que Vivaldo o procurou e acertaram que ele repassaria metade da propina a Mauro Savi e outra parte ao Silval. O repasse começou a ser feito em 2011 à medida que a assessoria de Vivaldo recebia do esquema. Os pagamentos variavam de R$ 30 mil a R$ 40 mil em espécie.
“Que entre 2011 a 2014 ocorreram aproximadamente de 10 (dez) a 12 (doze) pagamentos; que no primeiro semestre do ano de 2014 houve o encerramento dos pagamentos porque o Detran não mais efetuou pagamento à empresa que prestava serviço, que por sua vez repassava à empresa de consultoria de Vivaldo Lopes”.
Desse modo, houve o encerramento do contrato com a empresa de assessoria de Vivaldo, que efetuou somente três pagamentos a Silval em 2014. A partir de então, o ex-governador passou a receber diretamente dos proprietários da empresa prestadora de serviço ao Detran, Luiz Fernando e Paulo César.
“Que os dois proprietários sabiam dos pagamentos da propina e se reuniram algumas vezes com o Declarante em seu escritório para repassar a parte da propina do Silval Barbosa”.
De acordo com Antônio Barbosa, os pagamentos feitos por meio de Vivaldo Lopes geraram um total aproximado de R$ 210 mil. Já os repasses feitos diretamente por Luiz Fernando e Paulo César teriam valor aproximado entre R$ 400 mil a R$ 500 mil.
Outra acusação – Essa não é a primeira que Vivaldo Lopes é acusado de ter lavado dinheiro de esquemas operados pelo ex-secretário de Fazenda, Eder Moraes. Ele, inclusive, já foi condenado pela Justiça Federal, no ano passado, a 8 anos de prisão na ação derivada da Operação Ararath.
Outro lado – A reportagem entrou em contato com o ex-secretário Vivaldo, porém, ele não atendeu as ligações.