A deputada Janaina Riva (PMDB) afirmou que é uma tentativa de “subestimar a inteligência” do Judiciário a declaração do cabo da Polícia Militar, Gerson Luiz Ferreira Corrêa Júnior, de que alguns telefones acabaram sendo interceptados devido a erros nos pedidos de grampos encaminhados à Justiça.
O cabo está preso desde o último dia 23, na base da Ronda Ostensivas Táticas Móveis (Rotam), sob a acusação de agir supostamente em nome do Núcleo de Inteligência da PM para “grampear” ligações com a finalidade de espionagem política.
Ele teria se utilizado irregularmente do sistema “Guardião” de interceptação telefônica e seria o responsável pela formalização de pedidos de interceptações telefônicas e respectivas prorrogações, como também dos relatórios de inteligência, com desvio de finalidade, a fim de que, na clandestinidade, obtivessem chancela judicial para execução de escutas indevidas.
Em depoimento no Comando Geral da PM no último dia 6, o policial negou que as quebras de sigilo tenham sido feitas de modo irregular e afirmou que o telefone da deputada foi grampeado em razão de erro no DDD. Era para ser interceptado o número com DDD 66 e não com o 65, que é o número de Janaina.
Além disso, alegou que o telefone do desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, José Ferreira Leite, também teria sido grampeado por engano, devido a um “erro de digitação”.
Para a deputada Janaina, as declarações são “o cúmulo do absurdo” e uma tentativa “de subestimar nossa inteligência”. “Isso é falta de respeito, inclusive com a Justiça. Afinal de contas, está subestimando a inteligência de todo o judiciário e de todos nós, que fomos vítimas desse absurdo”, disse.
Ela afirmou ainda que foi muita “coincidência” ocorrer um erro que implicou nas interceptações de seus dois números de telefone. “Dizer que errou no prefixo e se enganou em dois celulares, coincidentemente, os meus dois telefones… e só se enganou com o prefixo de pessoas opositoras ao Governo Taques”, ironizou.
Além do telefone da deputada, teriam sido realizados pelo menos mil grampos, envolvendo políticos, servidores, médicos e jornalistas, por meio da modalidade “barriga de aluguel”. O caso só veio à tona após denúncia feita pelo promotor de Justiça e ex-secretário de Segurança, Mauro Zaque.
Além do cabo Gerson, o ex-comandante da PM, o coronel Zaqueu Barbosa, também é suspeito de comandar os grampos e segue preso na Rotam. Ele também deverá ser interrogado pelo coronel Jorge Catarino, que assumiu as investigações do caso no âmbito do inquérito militar. O caso também está sendo investigado pela Procuradoria Geral da República.