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‘Arapongagem’ em MT é exposta em rede nacional pelo Fantástico

Da Redação

Uma rede de escutas clandestinas supostamente do conhecimento do governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), foi exposta em rede nacional pelo programa Fantástico, da Rede Globo de televisão, neste domingo (14).

O promotor de Justiça Mauro Zaque apareceu confirmando a denúncia anônima encaminhada a ele em 2015, quando ainda exercia o cargo de secretário de Estado de Segurança Pública. Segundo ele, o caso foi levado ao governador Pedro Taques. “Eu levei essa documentação ao conhecimento do governador. Ele viu que tinha o envolvimento de pessoas muito próximas a ele, secretários, inclusive”, disse à reportagem.

Taques negou ter recebido qualquer documentação e apontou fraude no número de protocolo apresentado pelo promotor. “Esse protocolo nós já constatamos que existe o mesmo número, o mesmo código de barras, que se trata de estradas. Eu não recebi essa documentação do promotor Mauro Zaque”, disse o governador ao jornalista Maurício Ferraz.

Questionado sobre as medidas adotadas ao tomar conhecimento pela reportagem, Taques disse que determinou a apuração. “Determinamos ao secretário de Segurança que tome as providências para investigar, processar a quem de direito”.

Dentre as pessoas cujos números de celulares eram incluídos em uma ação de quebra de sigilo telefônico que visava investigar uma quadrilha de tráfico internacional de drogas, o Fantástico entrevistou o advogado José Patrocínio, que atuou na coordenação jurídica da campanha de Lúdio Cabral (PT), adversário político de Taques na eleição de 2014, nos primeiros e segundo turno.

Ao ser procurado pela equipe da TV Globo, ele se mostrou estarrecido e tentou entender os motivos para ter sido grampeado. “Fiquei perplexo. Possivelmente algum tipo de retaliação ou de buscar informações que tenham a ver com clientes meus na área eleitoral”, comentou.

Outra vítima do sistema de “arapongagem”, a deputada estadual Janaina Riva (PMDB) afirmou que já desconfiava da espionagem. “Eu já suspeitava. Eu fui vítima algumas vezes de alguns ataques através das redes sociais”, afirmou.

No entanto, ao ler trecho do pedido de quebra de sigilo, em que seu codinome “Janair” era tratado dentre os “criminosos de alta periculosidade que vêm se destacando”, ela criticou o desvio que o processo sobre tráfico de drogas acabou tomando. “Está se perdendo tempo ouvindo políticos, deputados, ao invés de estar ouvindo o estuprador lá do bairro, o homicida, de ficar ouvindo as pessoas que estão cometendo crime de verdade”, reclamou.

O jornalista José Marcondes, o Muvuca, também foi entrevistado como uma das vítimas de espionagem e afirmou acreditar que estava sendo monitorado por conta do tipo de força política que ele diz enfrentar no estado.

Ex-secretário da Casa Civil Paulo Taques negou que tenha qualquer participação na “arapongagem”. “Nunca pedi, nunca solicitei a quem quer que fosse para gravar A,B ou C”, se defendeu.

O jornalista Maurício Ferraz destacou que Paulo Taques deixou o cargo de secretário-chefe da Casa Civil alguns minutos depois de ficar sabendo que o Fantástico estava apurando o caso, mas o ex-secretário negou qualquer ligação entre os fatos. “Não tem nenhuma relação. A decisão da minha saída do governo já havia sido tomada por mim e pelo governador há cerca de 15 dias antes”.

Empurra-empurra

Além das versões contrárias apresentadas pelo promotor Mauro Zaque, que afirma ter entregue ao governador a denúncia e este, que nega, o Fantástico também procurou as versões do Poder Judiciário, que autorizou os grampos, do Ministério Público Estadual, que fez o pedido de quebra de sigilo e a Polícia Militar, que elaborou o relatório com os números que deveriam ser monitorados.

O presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Rui Ramos, afirmou que “se houve alguma fraude, não foi atribuição a nenhum magistrado. Isso foi da fonte competente, que normalmente é do Ministério Público”.

Por sua vez, o procurador-geral de Justiça do Estado, Mauro Curvo, disse ao Fantástico que o promotor do caso, que não teve o nome revelado, foi induzido ao erro. “Você tem que presumir a veracidade, a legitimidade daqueles relatórios que são produzidos pela autoridade policial, seja ela civil, seja ela militar”.

Procurada, a Polícia Militar não liberou nenhum representante para gravar entrevista, apenas informou por meio denota que o governador determinou a instauração imediata de investigações.

Segundo o Fantástico, o caso foi encaminhado para a Procuradora Geral da República, em Brasília, onde os procurados buscam descobrir se o governador tinha conhecimento dos grampos clandestinos.


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