"> Madre Teresa e Dilma – CanalMT

Madre Teresa e Dilma

No último domingo o Papa Francisco canonizou Madre Teresa, religiosa que dedicou a vida aos pobres das favelas de Calcutá, na Índia. Segundo os ritos da Igreja, o processo de canonização carece de prova de algum milagre realizado pelo candidato para justificar o status de santo. O testemunho de um brasileiro que teria sido curado de múltiplos focos de inflamação no cérebro foi decisivo para transformar Madre Teresa em Santa.

Consta que estando com a cirurgia marcada, ele e os familiares pediram um milagre à Madre Teresa que prontamente o curou da grave doença. Claro que é um testemunho no mínimo discutível, pois a inflamação pode ter cedido como reação normal do corpo, o que ocorre muitas vezes ou por ação de medicamentos que ele certamente estava tomando. Mas o que importa é que o conjunto da obra da Santa, por si só justificaria a homenagem. A comprovação do milagre foi apenas um detalhe necessário para completar as exigências da Igreja.

Quatro dias antes, ao contrário da Santa, mas também pelo conjunto da obra, foi destronada aqui no Brasil a presidente Dilma Rousseff. Da mesma forma que na Igreja, o processo constitucional do impedimento exige materialidade para prosseguir. A ‘cura‘ do brasileiro deu sustentação à canonização da Santa e o uso dos bancos públicos (mesmo que já utilizado por outros presidentes) para ocultar o deficit de caixa da união, justificou a cassação da Dilma Rousseff.

A humildade da Madre a colocou entre os santos da Igreja e a soberba da presidente rendeu-lhe a cassação. Os documentos das pedaladas e decretos feitos à revelia do Congresso foram equivalentes ao testemunho do brasileiro curado: as decisões já estavam tomadas faltava apenas cumprir os rituais.

A tese de crime de responsabilidade, apontada pela acusação, é tão defensável quanto a dos que negam o crime. Havia argumentos suficientemente fortes para condenar ou para absolver, venceu a maioria como prevê a democracia e a constituição brasileira.

A divisão dos senadores no processo do impeachment, de um lado os oposicionistas e de outro os apoiadores, mostra que é um julgamento totalmente político e quem tem mais jogadores vence a partida. Não há um único senador do PT que não esteja ‘convencido‘ da inocência da ex-presidente e, do outro lado, todos os do DEM e PSDB garantem que ela é culpada. Depois de centenas de discursos e réplicas; questões de ordem e ofensas; bate boca e acusações, nenhum corintiano virou palmeirense, ou vice-versa.

Findo esse processo traumático ainda temos que ouvir a manifestação de repúdio da Bolívia, Venezuela e Equador à cassação da amiga e benfeitora, que por burrice e ideologia preferia alinhar-se aos bolivarianos – A chamada de volta de seus embaixadores fez-me lembrar um ditado que minha mãe gostava de repetir ‘quem tem dente não me morde, quem não tem quer me morder‘. Pura bravata: quem pode nos causar dano não o faz, quem não tem qualquer poder, ameaça.

Para os três ‘estadistas‘ Rafael Correa, Nicolás Maduro e Evo Morales eu diria, copiando o bordão do Nazareno, personagem do Chico Anísio: ‘Tão com pena da Dilma? Levem pra vocês‘.

Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor Contato: renato@hotelgranodara.com.br


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