O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, pediu demissão na noite desta segunda-feira, alvo de intensa pressão dos funcionários da pasta, que se recusam a trabalhar sob seu comando depois do vazamento de declarações de Silveira criticando a operação Lava Jato.

O presidente interino, Michel Temer, havia decidido manter o ministro no cargo temporariamente, depois de avaliar que as gravações não eram tão comprometedoras e a crise de ter de exonerar mais um ministro em pouco mais de duas semanas de governo seria ainda maior.

Silveira telefonou na noite desta segunda-feira a Temer para pedir demissão. Em seguida, divulgou uma carta rebatendo as acusações que sofreu e reforçando o pedido para deixar o cargo.

“Pela minha trajetória de integridade no serviço público, não imaginava ser alvo de especulações tão insólitas. Não há em minhas palavras nenhuma oposição aos trabalhos do Ministério Público ou do Judiciário, instituições pelas quais tenho grande respeito”, disse no texto.

Silveira diz ainda que se viu “involuntariamente” envolvido nas gravações, afirmando nem mesmo conhecer Sérgio Machado, o ex-presidente da Transpetro autor das gravações, mas que a situação poderia trazer reflexos a seu trabalho. “Não obstante o fato de que nada atinja a minha conduta, avalio que a melhor decisão é deixar o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle”, encerra a nota.

Nas gravações de Machado, Silveira aparece fazendo críticas à operação Lava Jato e orientando Machado e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a evitar problemas, o que exacerbou os ânimos no órgão.

Nesta segunda-feira, 250 chefes de sessões e departamentos pediram demissão, de acordo com o sindicato da categoria. O órgão passou o dia vazio, com os servidores protestando do lado de fora. Cerca de 500 foram em marcha até o Palácio do Planalto.