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Crise moral, pobreza política

Vivemos uma grande crise na vida pública brasileira. Os homens e mulheres que deveriam ocupar os cargos mais importantes da República estão manchados pela nódoa daquilo que temos de pior.

Se locupletaram do jeitinho brasileiro ao bem de si próprios, usando o poder que lhes foi concedido, pela indicação, pelo concurso ou pelo voto. Há exceções? Sim, mas deveria ser regra e não exceções.

Penso que a melhor maneira que um homem público deveria usar para se defender é defendendo o povo e o propósito para o qual está recebendo para exercer sua função.

Talvez o pior do homem público é quando ele opta pela conveniência sacrificando a coerência. Isto tem sido regra no Brasil.

O ano de 2018 tem a grande eleição. Aquela que mexe nas peças mais significativas deste país: deputados, senadores, governadores e presidente da República.

E a menos de um ano das eleições, não temos a menor perspectiva de encontrar alguém além do que já experimentamos ou, na pior das hipóteses, um novo piorado e cheio de más intenções.

As perguntas a serem respondidas são: por que chegamos a esse ponto? O que ocorreu com os “homens” de ideal público? Por que a moral do brasileiro deteriorou tanto? Em que ponto da história brasileira o nosso caráter foi para a privada?

O que ocorre com pessoas que assumem cargos na esfera pública com poder de fazer o bem a todos e ao invés disso fazem apenas um puxadinho de seus desejos?

Nossas leis? Seus operadores? A forma de atuação de pessoas dos direitos humanos? O tipo de política e assistência social que possuímos? A forma de educação familiar que oferecemos? O currículo escolar brasileiro? As políticas institucionais? As concepções religiosas e sua ética? Tudo isso junto?

Bem, o certo é que alguma coisa está dando errado. Não e possível que tenhamos apenas a cultura e sua origem como explicação. Quinhentos anos depois não podemos mais colocar a culpa na colonização.

Os três Poderes não estão com pessoas confiáveis. São, no mínimo, suspeitas de ausência de responsabilidade ética e social e nem há expectativa de termos melhores tão cedo.

Os escalões logo abaixo também apresentam distorções e quando olhamos para a sociedade a retidão é a exceção.

Todo agente público, notadamente os mandatários (investidos de mandato conferido pelo povo através do voto, concurso público ou indicação), devem dar exemplo, pois são propositalmente colocados em seus postos para trabalhar em prol da população.

Tanto na vida pública quanto na vida privada devem dar exemplo de moral e honradez mediante atitudes decentes e cidadãs.

Temos hoje pelo menos duas gerações perdidas e, se não mudarmos imediatamente para atitudes cidadãs independente daquilo que fazemos, estaremos condenados a perder um século de evolução.

A educação e o trabalho costumam ser os melhores remédios, mas pelo visto justamente estes dois itens não são valorizados o suficiente para que a esperança se torne realidade. Logo seremos o eterno país do futuro.

Temos que imaginar uma nova história para o Brasil e para o brasileiro, começar trabalhar para que o futuro não seja apenas das artes agressivas, da nudez comercial, envolto a operações policiais e investigações, gravações clandestinas e transações espúrias.

A crise é moral, mas a pobreza politica é a que nos tira a esperança.

JOÃO EDISOM DE SOUZA é analista político e professor universitário em Cuiabá.


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