O desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), José Zuquim Nogueira, negou o pedido de liberdade ex-diretor da EIG Mercados, José Kobori, acusado de ser o responsável por intermediar o pagamento de propina no esquema executado no Departamento de Trânsito (Detran).
Kobori e outras 5 pessoas foram presas durante a Operação Bônus, 2ª fase da Operação Bereré, deflagrada pelo Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pelo Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco-Criminal) no dia 9 de maio.
As prisões foram determinadas pelo desembargador José Zuquim, que também determinou o cumprimento de outros 3 mandados de prisão preventiva e 5 de busca e apreensão em Cuiabá, São Paulo e Brasília.
No pedido, a defesa do ex-diretor afirma que não há motivações que justifiquem a necessidade de prisão do ex-diretor. Além disso, aponta que a prisão só deve ser determinada em último caso, principalmente devido à “falta de contemporaneidade” dos supostos crimes, que teriam sido cometidos entre os anos de 2009 a 2016 e que teria desviado cerca de R$ 30 milhões.
De acordo com a denúncia do Ministério Público do Estado (MPE), Kobori foi o responsável por acordar com o ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, a continuidade do esquema no Detran, a partir de janeiro de 2015, na atual gestão do Governo do Estado.
O acordo consistia no pagamento da propina a Paulo Taques, que seria feito via escritório de advocacia que Paulo tem em sociedade com seu irmão, Pedro Zamar. Os dois são primos do governador Pedro Taques (PSDB).
Porém, o pagamento teria sido feito diretamente por Kobori a Paulo Taques. Teriam sido pagos cerca de R$ 2,6 milhões entre 2015 e 2016. Além disso, Kobori teria atuado junto a Pedro Zamar Taques para esconder a participação de Paulo Taques no esquema, bem como também teria “dado cabo” em documentos da EIG Mercados.
Ao analisar o pedido, o desembargador Zuquim apontou ainda que a organização criminosa atua “colocando em risco a ordem pública”, em razão das evidências de que “continuam agindo delituosamente nas questões relativas às propinas e transações financeiras questionáveis”.
“Já disse e repito, que o crimes do colarinho branco, como se sabe, é espécie de crime que, no mais das vezes se caracteriza pela reiteração de condutas, pela habitualidade e profissionalismo, características estas que faz forçosa a conclusão de que, em liberdade, os investigados neste tipo de delito colocam em risco a ordem pública”, disse.
Além de Kobori, continuam presos Paulo Taques, Pedro Zamar Taques, o deputado estadual Mauro Savi (DEM) e os empresários Roque Anildo Reinheimer e Claudemir Pereira dos Santos, vulgo “Grilo”.