Após quase três anos de idas e vindas na Câmara de Cuiabá, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga o prefeito Emanuel Pinheiro por suposta quebra de decoro e obstrução de justiça, entra na sua reta final e o relatório será entregue nesta sexta-feira (10.07), quando se encerra oficialmente o prazo de 120 dias de trabalho da comissão. Na ocasião, o vereador Toninho de Souza (PSD), relator da comissão, vai apresentar o relatório final aos demais membros: vereadores Marcelo Bussiki (DEM), presidente e propositor da CPI do Paletó no ano de 2017, e Sargento Joelson (SD).
De acordo com o vereador Marcelo Bussiki, o relatório final deve considerar todos os documentos recebidos ao longo do trabalho da CPI, inclusive o vídeo do paletó, bem como as oitivas já realizadas. Foram ouvidos o ex-governador Silval Barbosa, seu ex-chefe de gabinete, Sílvio Corrêa, o ex-deputado José Riva, o servidor Valdecir Cardoso e o perito judicial Alexandre Perez.
Já o irmão do prefeito, Marco Polo Pinheiro, conhecido como Popó, chegou a ser convocado para depor à comissão, pois Emanuel alegou que o dinheiro recebido era para pagamento de dívidas do irmão. No entanto, Popó se negou a comparecer sob o argumento de que um irmão não poderia depor contra outro. “Esperamos que o relatório considere o que o ex-governador Silval Barbosa afirmou e o que Silvio Corrêa confirmou, de que se tratava de dinheiro de propina que Emanuel Pinheiro recebeu para apoiar os projetos do Executivo quando era deputado. Isso é um fato comprovado em vídeo, respaldado pela fala de duas pessoas chaves no referido esquema e que, oficialmente e diante dessa CPI, não foi negado pelo prefeito Emanuel Pinheiro. Não há como esse relatório seguir por outro caminho senão esse, que é claro para todos os cuiabanos”, disse Bussiki.
Neste caso, os dois relatórios serão colocados à votação dos três membros da CPI ainda na sexta-feira e aquele que for aprovado por maioria será encaminhado ao presidente da Câmara, vereador Misael Galvão, que deve colocar à votação dos demais parlamentares em sessão plenária. “Essa votação no plenário pode culminar em um pedido de abertura de uma comissão processante para afastar Emanuel Pinheiro. Talvez possa parecer que este não é o momento para esse tipo de discussão, em razão da pandemia, mas entendo que se nos omitirmos agora estaremos apoiando a corrupção na sua forma mais cruel: a que acontece diante de nossos olhos”, encerrou Bussiki.