"> Grampos; Cabo da PM questiona empresa em MT – CanalMT
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Grampos; Cabo da PM questiona empresa em MT

Da Redação

A auditoria anunciada pelo Ministério Público Estadual (MPE) no sistema de escutas “Guardião”, usado por membros do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) será feita pela própria empresa responsável pelo software e que já foi denunciada pelo cabo da Polícia Militar, Gerson Corrêa Júnior. Ele acusa integrantes do Gaeco de praticarem grampos telefônicos na modalidade “barriga de aluguel” e ainda simularem auditoria com resultado negativo para qualquer tipo de “arapongagem”.

A informação é do procurador-geral de Justiça, José Antônio Borges. “Nós temos uma empresa que fornece o sistema Guardião, essa empresa que faz auditoria. Aliás, é a própria empresa que foi indicada nesses inquéritos que deve fazer auditoria em relação a isso. E isso vou fazer administrativamente independente das investigações”, disse o chefe do Ministério Público que ainda não sabe quanto vai custar as auditorias.

As declarações foram dadas no dia 23 do mês passado ao deixar a Assembleia Legislativa onde foi se explicar aos deputados sobre as investigações e medidas que serão adotadas após vários membros do MPE terem sido acusados de crimes e ilegalidades por três policiais réus numa ação militar derivada da chamada “grampolândia pantaneira” em trâmite na 11ª Vara Criminal Especializada em Justiça Militar.

Em seu terceiro reinterrogatório no dia 17 deste mês, o cabo Gerson Corrêa Júnior afirmou, dentre várias acusações, que na Operação Metástase deflagrada em 2015 para desarticular esquemas de corrupção na Assembleia Legislativa comandados pelo ex-deputado José Riva, o Gaeco praticou escutas não autorizadas na modalidade “barriga de aluguel”.

Na época, o militar fazia parte do Gaeco e afirma ter sido o responsável por inserir o telefone do coronel da PM, Adalberto Gonçalves de Paula, mas por equívoco já que o alvo era a ex-servidora da Assembleia, Maria Helena Aires Caramelo.

Gerson disse que relatou o fato ao então coordenador do Gaeco, Marco Aurélio de Castro, que o tranquilizou. Tempos depois, segundo o policial, foram anunciadas auditorias no Gaeco para verificar o sistema “Guardião” com resultado negativo para “barriga de aluguel” na Metástase.

Mas na prática segundo o militar, não houve auditorias, mas apenas simulações. E, que, portanto, segundo ele, os membros do MP e do Gaeco mentiram e prevaricaram.

Ao ser questionado sobre as afirmações do militar em relação às autorias que supostamente foram realizadas anteriormente, o chefe do Ministério Público explica que antes foi realizada uma auditoria interna e agora será diferente. “Agora auditoria a ser feita é externa, que é exatamente essa empresa e veja bem qual o nome dessa empresa para vender um programa que não é barato se não engano é R$ 70 mil por ano ou muito mais, é a confiabilidade do programa dela. Então, se ela não tem confiabilidade não vai vender o programa pra mais ninguém. Por isso que ela faz auditoria”, argumentou Borges.

José Borges aproveita para rebater e desqualificar o militar, mas confirma a prática de interceptações telefônicas, rechaçando, no entanto, o termo “barriga de aluguel” que remete a ilegalidades. “Barriga não pode existir dentro do Ministério Público, se tiver o que existe é interceptação telefônica por ordem judicial. Se tiver barriga, o que é em tese, as barrigas não foram para descobrir crimes por isso que é barriga. Foi para ter informações políticas ou pra especular a vida íntima das pessoas isso que é barriga”, declarou.

No contexto da “grampolândia pantaneira”, escândalo da gestão Pedro Taques (PSDB) que veio à tona com reportagem do Fantástico da Rede Globo em 14 de maio de 2017, foram feitas denúncias contra membros das Polícias Militar e Civil, do Ministério Público e do Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

Porém, o procurador-geral garante que houve ilegalidade nos procedimentos realizados por promotores e procuradores de Justiça. “Tudo que passou pelo Ministério Público houve ordem judicial então não é grampo. Agora, o que pode ter chama intrução, é quando você quer descobrir um outro crime jogando em outra investigação que é o caso das delegadas sabendo que não estavam investigando nada de crime, mas sim aquela situação daquelas duas senhoras que tinham outros interesses que elas não sabiam, mas o Paulo Taques sabia”, argumenta Borges.

A fala do chefe do MPE diz respeito a uma história fantasiosa criada pelo então secretário chefe da Casa Civil, Paulo Taques, para convencer as delegadas da Polícia Civil, Alana Cardoso e Alessandra Saturnino, a investigarem a publicitária Tatiane Sangalli, que era amante de Paulo Taques, e Caroline Mariano, então assessora dele na Casa Civil. Para isso,  inventou uma trama relatando ameaça de morte contra o governador Pedro Taques, planejada supostamente pelo bicheiro João Arcanjo Ribeiro, desafeto antigo e declarado de Taques.

Para ligar Sangalli a João Arcanjo, o ex-chefe da Casa Civil inventou que ela também era amante do bicheiro e amiga da filha dele. Também alegou que sua assessora era amiga de Tatiane e estaria vazando informações sigilosas da Casa Civil para a publicitária com risco de tais informações chegarem aos integrantes de uma organização criminosa ligada ao bicheiro. Ao final, concluiu-se que nada disso existiu e que Paulo Taques só queria um pretexto para monitorar a amante, mas dando ares de legalidade às escutas clandestinas.


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