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Brexit: fracasso seria ‘ferida aberta’ na sociedade britânica

Mundo ao Minuto

Um fracasso do Brexit que implicasse que o Reino Unido continuasse na União Europeia (UE) ia “manter aberta a ferida” na sociedade britânica, alerta o editor de Europa do Financial Times, Tony Barber.

O jornalista, especializado em política europeia, considera que a possibilidade do Brexit ser revertido (‘Bremain’) é baixa, mas “não desapareceu completamente”, e teria também consequências muito negativas para o futuro do Partido Trabalhista (Labour).

“Diria que [a possibilidade] não é elevada, de todo, mas se não conseguirem passar um acordo na Câmara dos Comuns e houver uma extensão, possivelmente desencadeando uma eleição geral, com possíveis repercussões nas eleições para o Parlamento Europeu, tudo junto pode mudar todo o ambiente, e então, sim, talvez haja uma hipótese de ‘Bremain'”, disse Barber em entrevista à agência portuguesa Lusa, em Lisboa.

“Mas temos de ter uma coisa presente: se isso acontecesse, ia manter aberta esta ferida tremenda na sociedade britânica que foi criada com o referendo, prolongando-se um debate controverso que se iria degradar”, advertiu.

Barber considera que o mesmo é válido em relação à hipótese de um segundo referendo, defendido por alguns setores, que “seria prejudicial para toda a imagem da democracia representativa construída durante séculos” no Reino Unido.

Por outro lado, um fracasso do processo tornaria mais evidente “o enorme problema” do Labour, de recuo do apoio eleitoral nas antigas zonas industriais do país, onde “o apoio que tinham dependia decisivamente da estrutura econômica do país”, que “mudou completamente”.

“Todos no Labour estão aterrorizados com a perspectiva de que um colapso do processo de ‘Brexit’ permita ao UKIP regressar, como um zumbi que regressa do mundo dos mortos. E o UKIP agora está na extrema-direita, com Nigel Farage não era bom, era uma espécie de difamação do partido conservador, mas agora é seriamente anti-Islã”, assegurou.

Barber explica que o avanço do UKIP nas eleições gerais de 2015, quando teve 12% dos votos, foi feito sobretudo à custa de derrotas dos trabalhistas nas antigas zonas industriais do país, bastões do Labour até aos anos 1970 que deixaram de o ser devido à profunda mudança na estrutura econômica do país.

Criado para defender a saída do Reino Unido da UE, a aprovação do Brexit no referendo de 2016 fez o UKIP perder milhões de votos, porque os apoiantes passaram a votar nos conservadores, responsáveis por liderar o processo de saída.

“Se os conservadores não conseguirem o Brexit, esses mesmos eleitores vão ficar tão zangados que votarão UKIP ou qualquer partido nacionalista”, advertiu.

Também na UE, considera, um ‘Bremain’ poderia não ser tão bem acolhido pelos 27: “Muitas capitais nacionais iam pensar ‘estamos fartos’, ‘tem sido um pesadelo tão grande com estes tipos, exceções, ‘opt outs’ … E eu ouço isto, não só dos franceses, que sempre foram um pouco assim com o Reino Unido, mas até de países considerados amigos, como a Finlândia ou a Dinamarca”, explicou.

“Portanto, não estou certo que a posição da nova líder da CDU alemã, Annegret Kramp-Karrenbauer, de dizer ainda podem ficar se quiserem, tenha impacto. Desapareceu das notícias em menos de um dia”, acrescentou. Com informações da Lusa.


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