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Médico cuiabano brilha em Dubai

Há poucos dias de embarcar para os Emirados Árabes, nada melhor do que receber uma notícia extraordinária daquele Eldorado, de grande valor para a medicina brasileira. E particularmente, para Cuiabá.

O médico cuiabano Nicandro Figueiredo, neurocirurgião espinhal da Medcare Orthopaedcs e do Spine Hospital, realizou mais uma cirurgia de alta complexidade, com sucesso, aumentando o seu prestígio em Dubai. O paciente Bilal Obaid Khamis, 29 anos, que trabalha na imigração, tinha uma malformação grave na coluna no canal direito e deformidade da coluna com compressão dos nervos, associada aos seu nanismo (dwarfismo). Ele estava sem conseguir andar há quatro meses e, por isso, o governo pretendia enviá-lo para ser operado na Alemanha. Ao ser consultado, o presidente da Sociedade de Neurocirurgia dos Emirados Árabes, Dr. Mohamed Al Olama, encaminhou o caso para o Dr. Nicandro Figueiredo. Após a eficiente cirurgia, a notícia logo se espalhou. A repercussão foi tão grande, que o paciente totalmente restabelecido, chegou a ser recebido pelo Sheikh Mohamed Maktoum, o monarca de Dubai.

No ano passado, o Dr. Nicandro já tinha realizado outra proeza. Em janeiro de 2018, a bailarina australiana Kasia Sikora, 17 anos, de repente, sentiu uma terrível dor na parte inferior das costas, irradiando-se para as pernas. A aluna do 12º ano da Dubai American Academy relatou: “Sempre fui uma pessoa muito saudável, muito ativa, de bicicleta, a cavalo, praticando esportes. Eu nunca estive doente ou visitei um hospital durante esses anos. Quando senti essa dor, surpresa. Eu nunca imaginei que poderia ser tão terrível”. A dor foi se tornando progressivamente pior, com a perda de toda a força nas pernas para andar. A família, desesperada, procurou pelo menos quatro especialistas em saúde na cidade, mas ninguém conseguia descobrir a causa. Até que o caso chegou aos cuidados do Dr. Nicandro. Ele descobriu um agressivo cisto meníngeo na coluna lombar e fez a cirurgia com sucesso em meados de agosto de 2018 e Sikora se recuperou rapidamente, voltando à escola de balé em setembro.

Segundo o médico cuiabano: “Eu tenho operado sobre cistos espinhais, mas o cisto congênito de Kasia foi o maior que eu já operei, medindo 7 cm x 5 cm. Eu já operava anteriormente cistos não maiores que 3 cm. O líquido cefalorraquidiano estava coletando no cisto, havia interrompido o crescimento adequado do osso e precisou ser desconectado, ligado e drenado”.

Dr. Nicandro Figueiredo é formado em medicina pela Universidade de Brasília (UnB), fez Residência em Neurocirurgia pelo Hospital de Base de Brasília (HBDF), possui o título de Especialista em Neurocirurgia pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), Especialização (Fellowship) em Cirurgia da Coluna Vertebral pelo Johns Hopkins Hospital e pela University of Wisconsin (EUA), Doutorado pela Universidade de Brasília (UnB), Pós-Doutorado em Cirurgia da Coluna Vertebral pela University of Wisconsin.

Nicandro é filho do bancário do Banco do Brasil Antônio Constantino e Zenina Figueiredo, uma família que aprendemos a admirar e amar, deste os tempos em que fomos vizinhos na Rua Thogo Da Silva Pereira (antiga Travessa da Constituição), em Cuiabá. Nicandro é o filho caçula. Além dele, Marcio, Marco, Elvis e Carla completam um time campeão, de educação, ética e realização profissional. Essa é a família cuiabana, criada e respeitada.

A dedicação desse nosso cuiabano se soma à qualidade de nossas universidades públicas. Apesar de todas as limitações orçamentárias e falta de prioridade, no final do ano passado foi divulgado relatório produzido pela empresa americana Clarivate Analytics – ligada à multinacional Thomson Reuters – sobre a pesquisa científica no Brasil entre 2011 e 2016. Chamaram a atenção três conclusões: praticamente só há produção de pesquisa científica em universidades públicas, há pouco impacto internacional na produção científica brasileira e apenas Petrobrás e indústrias farmacêuticas realizam investimento relevante nessa área no país.

Ao mesmo tempo que precisamos criar incentivos para que empresas privadas invistam em ciência e tecnologia, não podemos descuidar do apoio e suporte necessários para que nossas universidades continuem a produzir profissionais como o Dr. Nicandro e permaneçam nos enchendo de orgulho com as descobertas científicas.

Logo após o criminoso desastre de Brumadinho, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) reuniu 70 representantes de núcleos de pesquisa e extensão de diversas áreas do conhecimento para discutir atuação em auxílio à comunidade e às centenas de vítimas da tragédia, bem como, propostas para a atividade mineradora e seus impactos sociais e ambientais. Entre os participantes estavam pesquisadores da Fiocruz, da PUC Minas e da Universidade Federal de Juiz de Fora, além da UFMG. Ou seja, a comunidade universitária se mobiliza e apresenta propostas concretas e inovadoras.

Muito podemos fazer sobre a base do que já existe instalado no país em nossas universidades e centros de pesquisa. Mas para isso é necessário garantir recursos orçamentários e priorizar o conhecimento, o recurso mais valioso neste século XXI. Justamente isso o que os Emirados Árabes estão fazendo. Investem em ciência e tecnologia porque sabem que, findo o petróleo, esta será a riqueza que sustentará os seus habitantes.

VICENTE VUOLO é economista e cientista político.


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