Já está bem claro que o governo de Mato Grosso afundou!
Não cabe mais nem discutir as causas. Quebrou feio. Essa é a questão!
Vamos nos socorrer da História, porque esta não é a primeira vez que acontece. Em 1979, a divisão de Mato Grosso deixou o primeiro governo, do engenheiro Frederico Campos, na absoluta miséria. A luta dele por organizar tudo e dar rumos ao Estado foi imensa. Acompanhei de perto. Deu certo. Mas apertaram-se os cintos ao limite.
A Lei Complementar 31/77 que dividiu o Estado previa recursos pra custeio e investimentos aos governos nos dois estados, até que eles se tornassem autossustentáveis, em dez anos. Mas o governo federal quebrou com a segunda crise do petróleo mundial em 1983 e deixou de repassar recursos. Endividou-se!
Em 1995 assumiu Dante de Oliveira, esquerdista tradicional, na época filiado ao PDT dirigido com mão de ferro por Leonel Brizola. No governo descobriu que o governo estava completamente quebrado. Para cada real arrecadado, devia 3 na praça, fora outras dívidas com o governo federal, que eram muito altas. Dante entrou em parafuso, mas não teve como evitar. Fez uma profunda reforma fiscal no governo. Fechou o banco do estado, vendeu a empresa de energia elétrica, municipalizou a de saneamento e fechou as empresas de habitação, de saneamento, de gestão e demitiu 10 mil servidores admitidos antes sem concurso.
Desgaste político absurdo. Mas os resultados garantiram-lhe a reeleição em 1998. Agora vem Mauro Mendes enfrentando um terceiro ciclo de crises desde a divisão de 1979. Tão grave quanto aqueles citados.
Essa nova crise não será resolvida sem dor. Cortes, cortes e mais fortes. Vai doer. A diferença, talvez, seja que naquelas o Estado não era tomado pelas corporações públicas como agora.
A bola cai no colo da próxima Assembléia Legislativa, com 14 deputados recém-eleitos. Cheios de adrenalina e muitos com pesados compromissos corporativos com sindicatos e carreiras de servidores públicos.
Na época de Frederico e de Dante os deputados discutiram muito e debateram longamente as crises. Agora não será diferente. De um lado o governador se quiser sobreviver terá que ter postura de estadista. E os deputados também. A diferença talvez seja que a população atual está muito mais atenta e descontente com políticos e com governos.
Portanto, os debates se partirem pro corporativismo não terão apoio da sociedade. Ou se discute a crise com maturidade se vota como se deve votar, ou veremos mais uma legislatura desprestigiada pela população. Ah. Pra finalizar. Se tem uma coisa que a população não quer são os corporativismos de todas as naturezas.
Deputado pode e deve ter cabeça de estadista!. Nesse momento não cabem mediocridades!
ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.