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Rio Branco: um plenipotenciário

É muito comum ouvirmos personalidades públicas classificarem determinados políticos medianos como estadistas, sem qualquer pudor, só para inflar o ego do referenciado. Não passam de bajuladores.

O Brasil precisa, na verdade, valorizar mais seus verdadeiros heróis. Um deles é o grande estadista José Maria da Silva Paranhos Junior, o Barão de Rio Branco. Uma das personalidades mais influentes do país durante o Império e início da República.

Nasceu no Rio de Janeiro, em 1845, e faleceu na mesma cidade em 1912. Apesar de carioca, Rio Branco foi deputado geral pelo Partido Conservador representando a Província de Mato Grosso (meu estado natal). Foi professor, jornalista, diplomata, historiador, biógrafo e o grande patrono da diplomacia brasileira.

Além da solução dos problemas de fronteira, lançou as bases de uma nova política internacional, adaptada às necessidades do Brasil moderno. “Rio Branco foi responsável pela consolidação das atuais fronteiras do Brasil, no início do século XX, conquistando, através da diplomacia, a garantia de um território equivalente a 900 mil quilômetros quadrados, sem disparar um só tiro. Grande parte do mapa brasileiro foi riscado pela caneta do diplomata” (Livro: Rio Branco e a Política Exterior do Brasil” – Fundação Alexandre Gusmão).

Um gigante na diplomacia. Um Plenipotenciário. Esse termo foi muito utilizado no direito internacional para qualificar o diplomata que é enviado a um encontro com plenos poderes para representar seu país na missão diplomática para o qual foi designado, podendo assinar acordos ou realizar negócios em nome do país que o enviou. Os ministros plenipotenciários eram reconhecidos junto aos Chefes de Estado dos países de acolhimento.

Rio Branco foi ministro plenipotenciário em missão especial nos Estados Unidos da América (1893-1898), junto ao presidente Grover Cleveland, em Washington, sobre o território de Palmas. Essa disputa assegurou ao Brasil boa parte do território de Santa Catarina e Paraná, em litígio contra a Argentina no que ficou conhecido como a questão de Palmas. Apresentou uma exposição, acompanhada de valiosa documentação, reunida em seis volumes “A questão de Limites entre o Brasil e a Argentina”, obra que muito contribuiu para o laudo arbitral de 5 de fevereiro de 1895, inteiramente favorável às pretensões brasileiras.

Como ministro plenipotenciário em missão especial em Berna, na Suíça (1898-1900), sobre a questão do Amapá, arbitrada pelo Conselho Federal da Suíça, conseguiu a vitória sobre a França na disputa do Amapá com a Guiana Francesa, sendo a fronteira definida no rio Oiapoque. Apresentou uma memória de sete volumes. A sentença arbitral, foi decretada no dia 1° de dezembro de 1900.

Foi, também, ministro plenipotenciário no Império Alemão (1900 – 1902). E Ministro das Relações Exteriores (1902 -1912). Nesse período, assinou com a Bolívia o Tratado de Petrópolis, em 1903, pondo fim ao conflito dos dois países em relação ao território do Acre, que passou a pertencer ao Brasil mediante compensação econômica e pequenas concessões territoriais. Esta é a mais conhecida obra diplomática de Rio Branco, cujo nome foi dado à capital daquele território (hoje Estado).

Nós mato-grossenses tivemos a honra de tê-lo como nosso representante no Parlamento. Mesmo não residindo no estado, ele carregava a alma desse nosso povo desbravador e de profundo espírito de brasilidade, foi um dos melhores políticos que Mato Grosso elegeu. A defesa dos interesses nacionais e a dignidade de nosso povo deveria ser a condição primeira para ser político e representante do povo.

VICENTE VUOLO é economista e cientista político.


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