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Delação de caixa 2 envolve Taques, Leitão e Modesto

Pablo Rodrigo do GD

O Supremo Tribunal Federal (STF), na figura do ministro Marco Aurélio de Mello, homologou a delação premiada do empresário Alan Malouf, suposto operador financeiro de caixa 2 da campanha do governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), em 2014.

Malouf conta em sua delação os detalhes para que Taques recebesse mais de R$ 10 milhões em caixa 2 durante as eleições daquele ano.

A delação revela ainda esquema de corrupção na Secretaria de Estado de Educação durante o governo tucano para pagar dívidas de campanha. O principal beneficiário e chefe do esquema seria o líder do PSDB na Câmara, deputado Nilson Leitão.

O empresário afirma que foi criada uma espécie conta corrente específica para que os recursos não contabilizados fossem creditados, e que o ex-secretário de Administração e Casa Civil, Júlio Modesto, “era quem pagava as contas da campanha e geria esses recursos, por isso teve papel de destaque na gestão”.

Em um dos trechos que o Gazeta Digital teve acesso junto ao STF, o empresário afirma que “esteve reunido mais de 100 vezes com o governador Pedro Taques em sua residência para tratar de assuntos financeiros ligados a campanha de 2014”.

“Chegou a presenciar o encontro entre Pedro Taques e o ex-governador Silval Barbosa na sua residência, onde estava junto com o ex-secretário Pedro Nadaf e o empresário Erivelton da Citylar”, diz outro trecho da delação. As informações convergem com outra citação: Silval alega em sua delação que Taques teria pedido R$ 12 milhões de ajuda financeira para a sua campanha, de forma não contabilizada.

Já em relação ao esquema na Educação que teria desviado mais de R$ 56 milhões dos cofres públicos para quitar dívidas “não declaradas” da campanha de 2014, Alan Malouf afirma que “o governador eleito sabia que estava ocorrendo o retorno de parte do dinheiro envolvido na campanha desde o início, para saldar sua dívida”.

Sobre Nilson Leitão, o delator afirma “que soube e avisou Pedro Taques desde o início, que Nilson Leitão estava junto com Permínio Pinto [secretário de Educação] comandando o esquema na Seduc”. “Informou isso a Pedro Taques diretamente, que empresários efetuaram pagamentos destinados a Nilson Leitão, sendo que esses fatos podem ser comprovados com Guizardi e Ricardo Sguarezi”, afirma trecho da delação.

Malouf também diz que quando o esquema foi descoberto, se reuniu em duas ocasiões com o Taques na sede do governo, juntamente com o chefe da Casa Civil, Paulo Taques. O empresário teria dito a eles que o esquema estaria sendo descoberto e que “isso poderia chegar nele e em Pedro” e que o tucano respondeu que “daria um jeito de resolver”.

A delação foi homologada em abril deste ano, sendo uma das primeiras assinada pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

Parte dela foi desmembrada em junho para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e outras instâncias, e deve anular a condenação de 11 anos e 6 meses que o empresário sofreu na ação que investiga o caso em Mato Grosso.

Desde o início do processo Alan Malouf já citava alguns dos fatos revelados em sua delação, especialmente o fato de ter operado o Caixa 2 para Pedro Taques.

Porém, a juíza do caso na Justia de Mato Grosso, Selma Arruda, não autorizou que os processos fossem remetidos ao STF, mesmo com pedidos da defesa e do Ministério Público de Mato Grosso.

Atualmente a juíza Selma Arruda está aposentada e em disputa de uma vaga ao senado nestas eleições na mesma chapa do governador Pedro Taques, candidato a reeleição, e de Nilson Leitão, candidato ao Senado, ambos delatados por Alan Malouf.

A reportagem entrou em contato com advogado do empresário para comentar a delação. No entanto, Huendel Rolim disse não ter “nada a declarar” sobre o assunto.

Governador diz que afirmações de delator são fantasiosas

Em nota, o governador Pedro Taques negou “enfaticamente as afirmações levianas do investigado Alan Malouf”. Segundo ele, todas as movimentações financeiras da campanha de 2014 foram registradas na prestação de contas e aprovadas pela Justiça Eleitoral.

Taques diz que já prestou depoimento sobre o assunto e apontou equívocos nas falas de Malouf. Ele diz que não fez acordo com Silval.

Para o tucano, Malouf tem “o claro propósito de desviar o foco das acusações que pesam contra si” e disse que “constituiu advogados para atuar no processo judicial e garantir que a verdade prevaleça”.

O governador ainda afirma que rescindiu 14 dos contratos alvo da Operação Rêmora e impediu prejuízos aos cofres públicos. “Desta forma, do total de R$ 56 milhões em contratos, a Controladoria Geral do Estado apurou que o dano potencial esteja na ordem de R$ 370 mil, que será ressarcido no procedimento de responsabilização das empresas envolvidas.”

Leitão exalta vida pública

Também em nota, Nilson Leitão afirma que ao longo de sua vida pública, nunca solicitou recursos ilícitos ou pediu para que alguém o fizesse em seu nome. “Não tenho nada a temer e estou sempre à disposição da Justiça, porque defendo que pessoas públicas têm a obrigação de dar explicações”, afirmou.

Segundo ele, a acusação é requentada, vazia e mentirosa, baseada em ‘disse-me-disse’ de condenado a 11 anos de cadeia que tenta atingir sua candidatura para obter vantagem em acordos com a Justiça.

“Confio e espero também que, ao cabo disso tudo, sejam punidos exemplarmente aqueles que tentam me prejudicar e me envolver em ações criminosas mesmo sabendo que sou inocente”, disse.

Modesto

O ex-secretário Júlio Modesto disse que seu papel no governo foi técnico e não administrou nenhuma conta ou foi coordenador de campanha.

(Com informações da Folha de São Paulo)


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