"> Paciente baleada no tiroteio da UPA descreve momento de terror e pede ajuda – CanalMT
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Paciente baleada no tiroteio da UPA descreve momento de terror e pede ajuda

Keka Werneck do GD

Um mês após o tiroteio na Unidade de Pronto-Atendimento da Morada do Ouro, em Cuiabá, a quinta e última vítima baleada por criminosos que invadiram o local teve alta hospitalar e pede ajuda até se recuperar.

Após o trauma, Dayana da Silva Romão, 31, casada, mãe de 5 filhos, diz que precisa de atendimento psicológico e também doações.

Com ferimentos ainda não tem como trabalhar. Antes da ocorrência, estava atuando como cuidadora de uma idosa. O marido dela também está desempregado. “Ele que está agora cuidando de mim, trocando curativos”, detalha a mulher. Cuidando também dos filhos, coim idades entre 3 e 12 anos.

Na UPA, Dayana foi feita refém e levou um tiro no tórax, bem perto do coração. Pensou que ia morrer. Baleada e no meio da poça de sangue, fingiu-se de morta, até que o tiroteio cessou e ela gritou socorro. Na hora do corre-corre, a mãe de Dayana se escondeu em uma sala, próxima à recepção, e a filha dela ficou perdida na correria, sendo ajudada por uma paciente, que deu a mão à criança e mandou que abaixasse.

Dayana foi consciente e sem dor para o Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá (PSMC). Conta que, quando a bala entrou e atingiu o pulmão, só sentiu uma queimação “rasgando o peito por dentro”.

Na UTI ela piorou e de todas as vítimas foi a que correu maior risco de morte. Também foram baleados uma enfermeira, um agente penitenciário, um bebê de 6 meses e a mãe dele.

Por volta das 6h do dia seguinte, foi operada, para conter a hemorragia no pulmão. “Retiraram o baço”, detalha.

Segundo conta, está com imunidade baixa por isso o médico recomendou que tomasse 4 vacinas. Dentro de 2 meses, terá que tomar mais 5. “Posso pegar fácil uma gripe, o que não seria bom, porque meu pulmão ainda está ferido”, diz ela, se referindo a uma das vacinas que é anti-gripal.

Cansaço ela sente quando exagera nas atividades, sendo assim o mais apropriado para o momento é que fique mais quieta, sentada ou deitada.

À noite ela não dorme direito. Toma suco de maracujá para tentar acalmar. Fica relembrando os fatos. “Não desejo isso para ninguém, ainda sinto bastante tudo que aconteceu”, lamenta.

A filha dela, de 9 anos, também está abalada. Sem esquecer as cenas que viu e vivenciou, pergunta à mãe o tempo todo se está tudo bem e se ela não vai mais morrer. Também não gosta de ver a troca de curativos.

Dayana diz que recebeu nesta segunda-feira 2 caixas de leite da Assistência Social da Prefeitura de Cuiabá e um sacolão. Há dias, diz ter recebido ainda uma ligação da primeira-dama desejando boa recuperação.

Agentes prisionais levaram neste final de semana mais cestas básicas, roupas e brinquedos angariados em campanha solidária em favor dela.

Ela e a família moram na Coab Milton Figueiredo, na saída para a Chapada dos Guimarães.

Confira o relato de Dayana

“Eu fui à UPA porque há 10 dias estava queimando de febre e com dor no corpo. Meu corpo manchou e a desconfiança era que seria zika ou essas doenças que estão por aí. Já era a terceira vez que voltei lá porque não melhorava. Fui com a minha mãe e minha filha de 9 anos. Entrei, consultei e fiz exame de sangue. Saí e fui falar com a mãe que era para a gente ir embora porque o resultado do exame só ficaria pronto às 22h e eu teria que voltar mais tarde para buscá-lo. Foi o tempo de eu falar isso e virar para sair, quando vi 2 caras entrando, armados com pistola, e rapidamente um deles me agarrou no pescoço e encostou a arma na minha cabeça e gritou que se não soltassem o preso iam me matar. Só que ele não esperou nenhum segundo e apontou para meu coração, atirou e me empurrou, me jogando no chão. Nisso foi aquela correria e gritaria”.

Apoio psicológico

A Secretaria Municipal de Saúde emitiu nota informando que está a disposição para oferecer todo o suporte psicológico para as vítimas do tiroteio que aconteceu na UPA Morada do Ouro. Confira a íntregra da nota.

“A Secretaria Municipal de Saúde está à disposição para oferecer todo o suporte psicológico para as vítimas do tiroteio que aconteceu na UPA Morada do Ouro. Para isso, a família do paciente precisa procurar o atendimento ambulatorial em uma das policlínicas que fique mais perto de sua residência (Policlínica do Verdão, Coxipó ou Planalto). A família, se desejar, pode solicitar uma visita da equipe da Saúde Mental para que faça a avaliação do caso e encaminhe ao local de atendimento mais adequado. A Responsável Técnica da Saúde Mental, Darci Bezerra, disponibilizou seu contato para que as famílias que desejarem solicitarem uma visita. O telefone é 3617-7356.”


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