"> Delator da Andrade Gutierrez relata propina de R$ 2 milhões a Ivo Cassol – CanalMT
Edilson Rodrigues/Agência Senado

Delator da Andrade Gutierrez relata propina de R$ 2 milhões a Ivo Cassol

G1

O ex-executivo da Andrade Gutierrez Flávio David Barra afirmou em depoimento à Polícia Federal ter pago R$ 2 milhões em propina ao senador Ivo Cassol (PP-RO) e a um secretário da gestão Cassol quando ele era governador de Rondônia.

G1 procurou a assessoria de Ivo Cassol e aguardava resposta até a última atualização desta reportagem.

O depoimento de Barra foi prestado em novembro do ano passado no inquérito que investiga o suposto pagamento de propina ao senador e ao ex-secretário João Carlos Gonçalves Ribeiro. As investigações começaram após a delação de Henrique Valladares, da Odebrecht.

Valladares disse ao Ministério Público Federal ter pago R$ 2 milhões a Ivo Cassol e R$ 1 milhão a Gonçalves Ribeiro. Ele informou também que os pagamentos foram um reconhecimento pela atuação de Cassol para destravar questões burocráticas em obras de usinas no Rio Madeira.

Segundo o MPF, o dinheiro foi pago como “favorecimento nos procedimentos administrativos” referentes às obras da usina hidrelétrica de Santo Antônio.

O que disse o delator

Delator, Barra prestou depoimento em novembro do ano passado. A TV Globo teve acesso ao depoimento nesta segunda (19).

À PF, o ex-executivo afirmou que o pagamento ao senador foi feito em razão de “serviços de apoio” ao consórcio formado pela Andrade e pela Odebrecht nas obras da hidrelétrica do Rio Madeira.

Ele afirmou que o dinheiro foi pago em espécie a João Carlos Ribeiro, então secretário de Planejamento da gestão de Cassol, em várias visitas à empreiteira, nas quais Ribeiro levava mochilas e até uma mala para guardar o dinheiro.

O ex-dirigente também disse à Polícia Federal que os primeiros contatos com os políticos foram realizados pela Odebrecht, e que ele foi informado do “compromisso acordado” com Cassol e Ribeiro.

Por conta disso, acrescentou, ele se reuniu com o ex-secretário de Planejamento na sede da construtora, em agosto de 2011, e ficou combinado que o pagamento seria realizado em espécie durante os três meses seguintes.

Como complemento a essa informação, Barra entregou à PF registros de acessos de João Carlos Ribeiro à sede da Andrade Gutierrez em São Paulo entre agosto e novembro de 2011. Há, também, registros de entrada de Ribeiro no prédio em julho de 2012 e em setembro de 2014.

Barra relatou ainda que, em setembro de 2011, após o pagamento de parte do valor, ele almoçou com o senador e com o ex-secretário em Brasília para pedir esclarecimentos sobre o “apoio” que os dois teriam prestado ao empreendimento.

Segundo ele, “foi esclarecido que a Andrade Gutierrez estava presente em Rondônia e lá poderia ter acesso a oportunidades, tratando genericamente sobre várias possibilidades de negócios periféricos à construção da usina”, afirmou.

Apesar disso, Barra disse não ter conhecimento de “nada de concreto” que Cassol e Ribeiro tenham atuado em prol do interesse das empresas.

O que diz o senador

À época da abertura do inquérito, Ivo Cassol declarou que considera injusta e descabida a citação do nome dele, e que a acusação seria uma retaliação por ser contra a isenção de impostos dada aos consórcios que construíram as usinas de Jirau e Santo Antônio.

No depoimento prestado à Polícia Federal, já no âmbito do inquérito, Cassol negou ter pedido propina à Odebrecht.


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