"> Rogers Jarbas nega crimes e diz que membros do PCC e Comando Vermelho estão detidos no Centro de Custódia – CanalMT
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Rogers Jarbas nega crimes e diz que membros do PCC e Comando Vermelho estão detidos no Centro de Custódia

Da Redação

O ex-secretário de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), Rogers Jarbas, se queixou do período em que esteve preso no Centro de Custódia da Capital (CCC), pois, segundo ele, ficou ao lado de “gente do Primeiro Comando da Capital (PCC), do Comando Vermelho (CV)”. Ele ainda colocou que foi preso por algo que “não fez”.

A declaração foi dada durante seu depoimento no dia 4 de outubro de 2017 no âmbito de um inquérito da Polícia Judiciária Civil (PJC) sobre a atuação de uma organização criminosa que estaria por trás das interceptações telefônicas ilegais em Mato Grosso. Rogers é acusado de trabalhar para obstruir as investigações realizadas pela Polícia Civil.

“Não vejo como justo estar preso, me tirar da minha família, dos meus filhos, por uma mentira de um cara que nunca vi na minha vida, me colocar em uma unidade prisional que tem gente da Mercenários, tem gente que cometeu homicídio, traficante, gente do Primeiro Comando da Capital (PCC), do Comando Vermelho (CV), por algo que não fiz”, disse Jarbas.

Na época do depoimento, o ex-secretário ainda estava detido no CCC. Posteriormente, foi encaminhado ao SOE (Serviços de Operações Especiais), sob alegação de que não poderia manter contato com o ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, acusado pelos mesmos crimes.

Jarbas foi um dos presos durante a deflagração da operação “Esdras”, da PJC, no dia 27 de setembro de 2017. Ele é acusado de obstrução a Justiça ao tentar realizar uma “investigação paralela” contra o promotor de justiça Mauro Zaque, que denunciou o caso dos grampos em outubro de 2015, quando ocupava a chefia da Sesp-MT. Ele também teria repassado inquéritos sigilosos ao ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, extrapolando suas atribuições, uma vez que o pedido deveria ser analisado por autoridade competente, ou seja, o responsável pelo inquérito.

Em seu depoimento, ele também negou que tenha oferecido uma promoção ao tenente-coronel da PM, José Henrique Costa Soares, caso ele concordasse em “espionar” o desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), Orlando Perri, considerado a “pedra no sapato” da organização criminosa que estaria por trás dos grampos.

“Não comandava nada das investigações, não sei quem é Catarino nunca vi Catarino, nem sei quem é Soares, nunca vi, nem sabia que existia Soraes, não sabia nem que tinha sido trocado o escrivão do IPM. Eu não acompanhava, ficava distante, até mesmo para não me misturar com a questão, não queria me misturar, a secretaria não me dava nem tempo para querer saber, eu não queria, pelo contrário eu estava sendo investigado, jamais ia poder querer saber alguma coisa, jamais”, disse ele.

Jarbas ainda “jurou por Deus” que nunca falou com o major PM Michel Ferronato, que teria sido enviado a mando do ex-secretário da Sesp-MT para oferecer a promoção a José Henrique da Costa Soares. “Juro por Deus, eu nunca falei com Ferronato sobre as investigações, o Ferronato nem sabia aquilo que eu estava respondendo, nem sonhava, nem sei se o Ferronato conhece o Soares, eu não sabia, não existia isso, não consigo acreditar. Porque se o Ferronato tivesse falado com ele, porque ele não me falaria. Se ele tivesse falado, ele me falaria, mas não comentou nada, nunca falou nada, nunca citou Soraes para mim, nunca citou ninguém. Lá dentro da secretaria ninguém falava nesse assunto. O Ferronato nunca citou o nome ou que existe o Soares, nunc”, disse.

O ex-secretário disse ainda que o tenente-coronel “inventou” as acusações contra ele, pois “deve ter feito alguma coisa errada com o Lesco”, em referência ao ex-Chefe da Casa Militar, coronel Evandro Lesco, que também foi preso durante a deflagração da operação “Esdras”.

Jarbas chamou a delegada Ana Cristina Feldner, que presidia o inquérito policial e tomou o depoimento, de “Cris”. “Não sei porque o Soares inventou isso de mim, não consigo entender, ele deve ter feito alguma coisa errada lá com o Lesco, não sei, mas comigo porque ele fez isso. Porque estou aqui Cris, não devo isso Cris, não devo isso”, diz outro trecho do depoimento.

GRAMPOS

O caso dos grampos ilegais tornaram-se públicos após a veiculação de duas reportagens no Fantástico, da Rede Globo – em maio e julho de 2017.

Jornalistas, médicos, advogados, políticos e até uma ex-amante do ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, sofreram interceptações telefônicas clandestinas que teriam sido feitas por policiais militares. O caso é conhecido como “barriga de aluguel”, onde pessoas que não são investigadas ou denunciadas sofrem os grampos, em tese por interesses pessoais, ao lado dos verdadeiros suspeitos de processos na Justiça ou investigações das forças de segurança.

Além do coronel PM Zaqueu Barbosa – preso 9 dias após a veiculação da reportagem no Fantástico, que foi ao ar em 14 de maio de 2017 -, o cabo PM Gerson Luiz Ferreira, acusado de ser o operador da central clandestina, também teve mandado de prisão cumprido.

Já na deflagração da operação “Esdras”, no dia 27 de setembro deste ano, foram presos a personal trainer Helen Christy Lesco, o ex-secretário de Justiça e Direitos Humanos, além de coronel da PM, Airton Benedito Siqueira Junior, o também coronel da PM e ex-Chefe da Casa Militar, Evandro Lesco, o sargento João Ricardo Soler, o ex-secretário de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), Rogers Jarbas, além do ex-secretário da Casa Civil, Paulo César Zamar Taques. Todos são acusados de obstrução à Justiça.


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