O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou nesta sexta-feira (6) pedido de liminar para conceder liberdade ao ex-secretário chefe da Casa Civil e primo do governador Pedro Taques (PSDB), o advogado Paulo Taques, preso preventivamente desde o dia 27 de setembro pela suspeita de participação em um esquema de grampos telefônicos clandestinos montados a partir do Núcleo de Inteligência da Polícia Militar.
A decisão foi dada pelo ministro Ribeiro Dantas que solicitou informações e pedido de vista dos autos ao Ministério Público Federal (MPF).
Ainda cabe recurso para o mérito do pedido ser analisado em colegiado pelos ministros que compõem a Quinta Turma Criminal.
Taques é o segundo preso pela Polícia Civil na Operação Esdras que teve pedido negado para obter liberdade.
Anteriormente, o ministro Ribeiro Dantas manteve a prisão preventiva do ex-secretário de Justiça e Direitos Humanos, coronel da Polícia Militar Airton Siqueira Benedito Júnior.
O major da Polícia Militar Michel Ferronato ainda aguarda decisão do pedido de liberdade protocolado no STJ.
Na decisão do desembargador Orlando Perri que autorizou as prisões preventivas e mandados de busca e apreensão na Operação Esdras da Polícia Civil, o ex- chefe da Casa Civil, Paulo Taques, é apontado como o líder do esquema de interceptação telefônica ilegal em Mato Grosso.
De acordo com a decisão de 140 páginas, as provas produzidas até o momento apontam que Paulo Taques “foi quem mais se serviu do falseado Núcleo de Inteligência [da Polícia Militar]” – que teria feito as escutas.
“Basta lembrar que – as provas assim indicam – foi ele o responsável por interceptar ilegalmente a sua ex-amante Tatiana Sangalli, o jornalista Muvuca, a sua ex-secretária Carolina e, provavelmente, os advogados José do Patrocínio e José Antônio Rosa, além da Deputada Janaína Riva, dentre outros”, diz um dos trechos.
A decisão dada com base no inquérito da Polícia Civil de Mato Grosso, ressalta que o ex-chefe da Casa civil se utilizou da condição de advogado para coagir um ex-cliente, o tenente coronel José Henrique Costa Soares, e convencê-lo a gravar o desembargador Orlando Perri com o intuito de colocá-lo sob suspeição e afastá-lo das investigações.
As investigações da Polícia Civil atribuem ao ex-secretário Paulo Taques o total de sete crimes que são corrupção ativa, coação no curso do processo, organização criminosa, obstrução à Justiça, denunciação caluniosa e violação do segredo profissional.