Escrevi ontem neste espaço um artigo tentando retratar as 16 ilhas culturais, econômicas e humanas que convivem dentro do território de 906 mil km2 de Mato Grosso. Volto ao assunto sob outro ângulo, a partir de observações. Na última quinta-feira a Associação dos Produtores de Algodão-AMPA, deu posse à sua nova diretoria em rica solenidade realizada em Cuiabá. Levei meu neto Luka, de 15 anos, e comentei com ele: aqui você vai ver metade do PIB de Mato Grosso. De fato.
O pessoal do agronegócio levou lá o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, uma forte liderança política nacional neste momento. Levou importantes líderes do agronegócio completamente desconhecidos em Cuiabá. O próprio governador Pedro Taques visivelmente, não fazia parte daquele cenário econômico.
É como se o governo estadual não tivesse maior importância. Ou, quando tem, mais atrapalha do que ajuda. Em silêncio, o governador ouviu demandas fortes dos líderes do negócio que sustenta a maior parte no peso da economia estadual.
A própria aparência física e os valores daquela gente contrasta profundamente com os vários perfis dos gestores do serviço público e político estadual. Aqui entra o ponto mais relevante deste artigo. Convive dentro de Mato Grosso um mundo econômico antenado com mercados mundiais, com alto padrão de tecnologia e de investimentos.
Tem futuro e sabe a sua dimensão. Focado nessa direção. Caminha à margem da realidade vigente na maior parte do estado. Convive com uma gestão pública desfocada e distante da realidade de uma economia estadual que pauta os grandes mercados internacionais.
Meu neto Luka, de 15, tem a percepção dos jovens e comentou ao final que viu ali um Mato Grosso que ele desconhece completamente, mas que vai pautar o seu futuro.
Tenho tratado neste espaço das condições futuras do mundo em relação à demanda por alimentos e os desdobramentos em elevadíssimos investimentos para dar o suporte. Pessoalmente, já não tinha dúvidas a respeito. Saí da posse da AMPA preocupado com o vácuo enorme entre o mundo real, o mundo da economia de ponta e a pobre política do meu estado.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso