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Luiz Alves

Cuiabá é a terceira capital em mortes no trânsito

Da Redação

O secretário de Mobilidade Urbana de Cuiabá, Thiago França, foi um dos palestrantes do seminário sobre “Segurança no Trânsito”, na Universidade Federal de Mato Grosso, na manhã desta quarta-feira (21). O seminário é uma iniciativa do Instituto de Engenharia da UFMT, curso de Engenharia de Transportes, campus de Várzea Grande, e faz parte das ações da Semana Nacional do Trânsito.

Na ocasião, Thiago ministrou a palestra “Trânsito e o Comportamento Humano”. O secretário destacou o papel de cada um nas ações de segurança no trânsito e o quanto isso pode salvar vidas.

“Estamos realizando um amplo trabalho na cidade, visando sempre a preservação de vidas. Mas sabemos que para colhermos bons resultados, precisamos do esforço de todos e principalmente, que cada pessoa, seja ela pedestre ou motorista, tenha consciência de sua responsabilidade nesse cenário. A universidade, como formadora de opinião, com essa iniciativa, está fazendo sua parte, promovendo esse debate, buscando a reflexão da sociedade quanto à segurança no trânsito e assim, conscientizando à mudança de comportamento e mostrando o quanto isso pode salvar vidas. Parabenizo a iniciativa e agradeço a confiança do grupo em me escolher para debater o tema”, disse.

Antes de iniciar o debate com fatores dentro do contexto do tema, Thiago pontuou a importância das parcerias e que elas facilitam nos resultados de mudanças dentro do trânsito. “Para que as mudanças de comportamento de uma sociedade civil organizada aconteçam, precisamos da iniciativa privada, de Ong’s. Elas são fundamentais para que realmente possamos construir um novo cenário no trânsito de Cuiabá. Acredito que juntos, podemos desenvolver um trânsito mais seguro para a capital”, observou.

O secretário debateu fatores como a legislação, atores que compõe o trânsito, a comunicação nele, a formação dos condutores, infrações, ações de educação para o trânsito.  Ele também desenhou um quadro estatístico da situação atual de acidentes no trânsito no mundo, Brasil e local, e mostrou como tudo isso impacta nos cofres públicos, se tornando uma questão de saúde pública e sendo o fator ‘comportamento’ o principal causador dessa realidade.

“O tema proposto hoje é particularmente, um dos meus preferidos. Sou até repetitivo sobre ele, pois sendo tratado, é o grande ponto para as melhorias que tanto almejamos. Ele é o grande “nó”, em nível nacional, dos problemas no trânsito. Sempre acreditamos que o problema está no outro e não em nós ou até no poder público, como se não fizemos parte dele. A Sociedade brasileira vive uma verdadeira crise de ordem ética e moral. Mas é claro que o poder público tem suas responsabilidades, mas cada um nós também temos as nossas. E todos os fatores que formam esse problema, estão ligados no comportamento humano”, reiterou.

Ele ainda explicou outro fator gerador deste problema que mata milhares de pessoas no trânsito atualmente. “Nesses anos trabalhando com o trânsito, percebo que o problema nasce na raiz. A uma situação de formação do condutor. Vamos exemplificar com os motociclistas. Eles sabem fazer todo o percurso da prova prática de habilitação do Detran, mas não sabem administrar os conflitos diários no trânsito. Às vezes, nem sabem que o que estão praticando é uma infração. A formação foi tão falha, que o condutor não tem essa noção de infração e nem muito menos, como conduzir a situação no auge do conflito”, explanou.

Estatísticas

Segundo Thiago, com base em dados dos órgãos de trânsito, temos mais de 60 milhões de habilitados no Brasil, em Mato Grosso mais de 1,5 milhão e em Cuiabá cerca de 500 mil. Esses condutores estão ou poderão fazer parte do seguinte quadro:

No Brasil, a cada dez minutos morre uma pessoa vítima de acidente no trânsito. São mais 40 mil mortes por ano, colocando o país em  4º colocado no ranking mundial de mortes por acidentes de trânsito, atrás apenas da China, Índia e Nigéria.  Mato Grosso ocupa o 4º lugar no ranking de violência no trânsito, com taxa mortalidade de 11,9 para cada 100 mil habitantes, sendo a maioria jovens. Cuiabá fica em 3º lugar entre as capitais, com 33 mortes a cada 100 mil habitantes.

Os acidentes com motos ainda são um dos maiores problemas de saúde pública, liderando as internações no pronto-socorro. Somos o segundo país no mundo em taxa de óbitos com motocicletas.  A cada 100 mil habitante morre 7,1. Perdemos somente para o Paraguai, que a cada 100 mil habitantes morre 7,5.

Causas dos acidentes

As estatísticas apontam que 4% devem-se à falha mecânica; 6% má atenção nas vias e 90% por falha comum. Ou seja, imprudência. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), os cinco principais fatores de risco comportamental para segurança viária é excesso de velocidade; dirigir alcoolizado; o não uso de capacete, dispositivo de retenção para criança.

Em Cuiabá registros mostram que o avanço no semáforo com sinal vermelho; dirigir falando ao celular e não uso de cinto de segurança, predominam entre as infrações mais cometidas.

Custos

Os acidentes de trânsito têm consumido de 3 a 5% do PIB de muitos países, inclusive do nosso. Além de custos com processos jurídicos, custo com congestionamentos, atendimento policial, previdenciário (mais 8 bilhões são gastos com Previdência),  resgate das vítimas, remoção veicular, dano ao imobiliário urbano e o mais grave e doloroso, a perda da vida.

A cada ano 1,5 milhões de pessoas são mortas,  de 30 a 50 milhões ficam feridas. No Brasil 43 mil pessoas foram mortas em 2015 , segundo dados do  Ministério da Saúde. Atualmente são gastos 60 milhões em acidentes. Acidentes esses em sua maioria com Jovens de 15 a 20 anos de idade.

Acidente de trânsito no geral é o segundo maior problema de saúde do país, comprometendo 13 % do orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS), com um custo estimado de 39 bilhões.  Em Mato Grosso gasta-se R$ 1 bilhão  em acidentes e o SUS cobriu mais 210 milhões desse valor. Com gastos de DPVAT, foram pagas em 2014 mais de 60 mil indenizações.

Responsabilidade

“Segurança no trânsito não é apenas uma diretriz de política nacional do trânsito. Ela é uma responsabilidade de todos. Ela deve ser compartilhada. O primeiro desafio para uma mudança nesse cenário: O trânsito precisa ser encarado como uma politica pública, começando pela esfera maior até a menor. O segundo desafio é a revisão do código brasileiro, criar uma cultura de segurança no trânsito. E também estatísticas precisam ser confiáveis. Participação ativa do setor privado, maiores responsabilidade nas propagandas, sinalizações eletrônicas, fiscalizações, participação das ong’s, políticas de educação para o trânsito, uma mudança de comportamento”, pontuou Thiago, que encerrou a palestra fazendo um alerta para os valores éticos.

 “As mesmas pessoas que vão às ruas pedir pelo basta da corrupção, vão pedir para darmos um “jeitinho” nas multas. Esse “jeitinho” brasileiro de ser que é complicado. Ele arranha nossos valores éticos e nos aproxima daquela conduta não permita mas tolerada socialmente. Precisamos dessa mudança de postura.  Precisamos entender que a cidade é de todos. Usar esse espaço público com respeito. Seu direito acaba onde o do outro começa”, finalizou.(com assessoria)


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