A operação de salvamento das vítimas da tragédia climática do Litoral Norte de São Paulo é uma das mais importantes ações do gênero em desenvolvimento no País. Reúne recursos estaduais, federais e municipais e está apontada para resolver em definitivo os problemas crônicos da área. O governador Tarcisio Gomes de Freitas – engenheiro militar de formação – instalou-se na área e lá permanece tomando decisões administrativas e políticas, dando respaldo às equipes que realizam os trabalhos de resgate de vítimas e providências em relação a possíveis novos sinistros nas áreas comprometidas. A presença do Governo Estadual na área crítica chamou a atenção do presidente Lula, que a li também compareceu, tomou conhecimento das necessidades e, além de mobilizar recursos federais, despachou o experiente e preparado vice-presidente Geraldo Alckmin – que já governou São Paulo durante quatro mandatos – para em nome da União, apurar pessoalmente os problemas e determinar providências.
Segundo especialistas, essa foi a maior precipitação da história naquela região. Apesar do sofrimento e das perdas humanas, agravada pelos problemas estruturais – construções irregulares nas encostas, falta de drenagem e de saneamento – o socorro às vítimas ocorre com a celeridade possível. Sob a coordenação da Secretaria da Segurança Pública e do secretário Guilherme Derrite, o Corpo de Bombeiros, as Polícias Civil e Militar e a Defesa Civil, trabalham incessantemente no socorro a todos os que de alguma forma foram impactados pela chuva. Por sua vez, os órgãos técnicos e de serviço social buscam solução para os desabrigados.
São muitos os servidores de diferentes áreas que interromperam ou adiaram suas férias para integrar as equipes de socorro, empenhadas em resgatar vitimas nos escombros, providenciar hospitalização rápida aos sobreviventes e, também, a liberação imediata dos que, infelizmente, pereceram. Tanto que, além da estrutura local de Polícia e Saúde, foi deslocado para a área o navio-hospital e o Instituto de Identificação, que evita a costumeira demora na identificação dos mortos, que faz os familiares sofrerem ainda mais com a perda. O pessoal e os recursos destinados ao socorro da área sinistrada foram removidos de outras áreas onde atuavam, especialmente a Capital. Por conta disso, os que permaneceram na base, hoje ampliam suas jornadas para dar conta das tarefas. É o e esforço diante de todos na situação emergência
A presença do poder decisório é importante. A contratação das vagas dos hotéis – que ficaram sem os turistas, impedidos de chegar por causa do sinistro – é a solução econômica para manutenção dos empregos na hotelaria, da renda aos empresários do ramo, que serão reembolsados pelo Estado, e para os desabrigados, que terão garantido nos hotéis o abrigo digno (café da manhã, almoço, jantar e lanches) até quando lhes for restituída a moradia. É a forma encontrada para diminuir o sofrimento da população.
Destaque-se e importância da parceria que Tarcísio e Lula começaram a construir – independente da posição política de ambos – já no dia seguinte aos ataques aos palácios governamentais de Brasília. O trabalho que se faz no Litoral Norte deverá servir de modelo e inspiração para ações anti-catástrofe em todo o país. Geraldo Alckmin disse, em sua passagem por São Sebastião, que existem, no território nacional, 14 mil áreas de risco, com 4 milhões de habitantes e que o governo está atento para a busca de soluções e pretende investir o que for necessário para proteger essa população. A Anatel, por exemplo, deve acionar um esquema de mensagem aos telefones celulares da área em sinistro que forçará os usuários a tomarem conhecimento do alerta, Também englobará os Celulares em trânsito e todos serão travados até que o comunicado seja aberto e lido. Com isso, garantirá que os usuários serão informados e evitarão os locais críticos.
Até as tragédias, que provocam sofrimento e perdas, constituem oportunidades de aperfeiçoamento. O que se faz hoje no Litoral Norte de São Paulo pode ser o começo de um Brasil melhor. Para tanto bastará que, passadas as chuvas e o impacto de sua devastação, continuem os trabalhos das três esferas de governo para regularização de áreas de drenagem, solução de ocupações irregulares e perigosas e outras ações que evitem as cheias e os sinistros quando as próximas chuvas chegarem. São ações preventivas que, historicamente, têm sido negligenciadas e, por isso, o povo continua sofrendo.
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) aspomilpm@terra.com.br