Em depoimento prestado na última sexta-feira aos promotores membros do Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado) na última sexta-feira, o ex-executivo da empresa EIG Mercados, Valter José Kobori, afirmou que, quando houve a troca do governo de Silval Barbosa para Pedro Taques, em 2015, relatou aos proprietários da empresa, José Henrique Gonçalves Neto e seu pai, José Ferreira Gonçalves, que o pagamento de propina a políticos do Estado acabaria. Isso porque, quem assumiu a articulação política do governo foi o advogado Paulo Taques, de quem Kobori é amigo pessoal.
Kobori e Paulo Taques foram presos, na última semana, da “Operação Bônus”, 2ª fase da “Bereré”, que apura pagamento de propina por parte da EIG Mercados a agentes políticos do Estado. De acordo com delação premiada dos proprietários da empresa, a propina que até a gestão de Silval Barbosa era repassada pela empresa Santos Treinamentos, passou a ser paga por intermédio de Kobori. O objetivo final era chegar as mãos do então chefe da Casa Civil do Estado. Além deles, o irmão de Paulo Taques, Pedro Jorge Zamar Taques, foi detido por também participar da operação das fraudes.
Em seu depoimento, o ex-executivo da EIG confirmou a relação pessol pessoal com os irmãos Taques. Ao negar o pagamento de propina, lembrou que conversou com os proprietários da empresa, afirmando que a prática seria “extinta” em Mato Grosso porque “conhece a índole” de Paulo e Pedro Joerge Taques.
“Que confirma também ter comentado com José Neto sobre essa amizade que mantinha com Pedro Zamar e Paulo Taques e que por isso comentou com Neto que não haveria mais cobrança de propina por parte do Estado de Mato Grosso, já que conhece a índole da família e tinha certeza dessa afirmação”, afirmou o empresário.
Para Kobori, a boa relação dele com os irmãos Taques garantiu a manutenção do contrato com o Detran de Mato Grosso. Por “cessar” o pagamento de propina, acredita que a empresa tenha perdido negócios em outros Estados, pois adotou a prática de interromper o desvio de recursos na empresa.
“Que ressalta que não teria essa mesma certeza em relação aos outros contratos da FDL/EIG com outros Detran’s, do Estado de Maranhão, Alagoas e Piauí; Que acredita que os contratos dos Detran’s desses Estados não tinham sido renovados, pelo simples fato de ter implementado compliance e não ter recebido os representantes desses Estados”, colocou.
Na última sexta-feira, a defesa de José Kobori alegou que ele foi “vítima” de uma armação dos proprietários da empresa. Ele nega todas as acusações e diz que fornecerá documentos que ajudem a esclarecer os fatos e provar sua inocência. “Ficou evidente que os delatores, além de falsear a verdade e armar contra senhor José Kobori, utilizaram-no de forma abominável e cruel, para se livrarem de seus múltiplos crimes – muito além dos já por ele confessados. A defesa, novamente, desafia os delatores a provarem as suas afirmações caluniosas e tem a convicção de que uma trama tão ardilosa, tão farsesca como essa, não sobreviverá por muito tempo. José Kobori confia no Poder Judiciário do Mato Grosso”, diz a nota.