O Brasil atravessa uma de suas maiores crises institucionais já vistas: moral, ética, jurídica, econômica e política principalmente.
O quadro econômico beira ao caos- desemprego de quase 13 milhões de trabalhadores, falências e concordatas a todo o momento; e uma crise política que beira o surreal, parecendo Kafka, Lava Jato a todo vapor, um Presidente desidratado, um STF desmoralizado em decisões incoerentes e inconstitucionais, como a do Ensino Religioso Confessional em Escolas Pública, e a da última palavra do Congresso sobre medidas judiciais que afastem parlamentares do exercício do mandato – (que as Assembleias dos Estados estão estendendo- sem base jurídica- aos seus deputados, como Mato Grosso e Rio Grande do Norte) e, que “deve chegar aos vereadores” como disse o ministro Marco Aurélio; um Congresso abaixo da crítica.
As fraudes, falcatruas, manobras escusas de administração são exibidas nos noticiários continuamente deixando pouco ou quase nada de tempo para se falar dos políticos honestos – que há, sem dúvida, bem como de bons administradores públicos também.
A política do Brasil há muito tempo é errática. Não há nada de novo. É um sistema que favorece a multiplicação de partidos sem qualquer ideologia.
Esse modelo nunca foi muito bom. Lula e FHC eram talentosos para lidar com esse sistema, mas falharam ao não reformá-lo.
O sistema político brasileiro vem sendo mantido nos últimos anos da mesma maneira que os cubanos mantêm velhos carros americanos funcionando: no improviso e sem qualquer perspectiva de melhora.
Enfim, um quadro preocupante, vista a eleição de 2018, que pode trazer de volta o mentor dessa situação ou um radical saudoso da Ditadura.
As instituições como as “regras do jogo”, ou seja, as normas, formais – leis, normas, convenções, constituição, ou informais – valores, crenças, regras de conduta, ética, parecem coisa do passado.
Como falar de um Brasil melhor e mais justo, com menos injustiças e violência, se o governo, ou melhor, o Estado, através dos 3 poderes está, em sua maioria, completamente corrupto, corrompido e corrompendo.
É essa a elite brasileira que pode falar dos pobres, dos criminosos? Se não houver uma redistribuição de rendas e uma reformulação política profunda que alcance a todos, o Brasil não terá destino e nem futuro.
A atual situação do Brasil vem causando muita preocupação a toda parcela da população que depende do seu próprio trabalho para garantir seu sustento. Sejam empregados ou empresários, estão todos preocupados com os rumos que nossa política econômica vêm tomando nos últimos tempos.
Essa preocupação vem fazendo com que empresários adiem investimentos e novos empreendedores aguardem momentos menos incertos para iniciar seus projetos. Déficit de cidadania é traço marcante da democracia brasileira.
Em raros momentos, o povo foi às ruas, para revelar sua vontade. Desde 2014, percebe-se que algo mudou e as manifestações populares passaram a vocalizar o inconformismo do povo contra a corrupção e o desgoverno; mas, também, é patente que o povo cansou, se desiludiu; esse é o perigo: o espaço vai sendo preenchido pelos aproveitadores, os salvadores da pátria, os “novos” – Luciano Hulk, Dória, e outros.
Tem mensagem? Conteúdo? Ou, somente mídia e popularidades televisiva?
É muito difícil conceber cenários para a crise brasileira, em virtude do caráter não linear e imprevisível da Operação Lava-Jato principalmente no STF, e das decisões judiciais no âmbito do julgamento do TSE, STF e Câmara Federal, dos resultados dos pedidos aos processos de afastamento da chapa Dilma/Temer, do Presidente, e das manobras espúrias de cooptação de parlamentares no Congresso, via emendas parlamentares e cargos e benesses.
A superação da crise requer talento, habilidade negocial e transparência. E, sobretudo, respeito à lei e às decisões judiciais.
É assim que funciona num estado democrático de Direito, ou teremos uma agonia prolongada. Parece que estamos no mato sem cachorro; apenas um desejo, o de que tudo mude.
O horizonte não é promissor. Contudo, poderíamos apurar mais nosso senso crítico, nossa visão real da realidade, sem manipulações religiosas ou políticas.
Poderíamos nos preocupar mais com a crise aguda que passamos em todas as áreas e menos com as querelas dos reality show, com as novelas, com os salários milionários de artistas e jogadores de futebol.
Os escândalos se multiplicam deixando uma lista diminuta de pessoas idôneas no desempenho de sua função pública.
Os partidos brasileiros não são siglas ideológicas, são veículos para que algumas pessoas ou grupos possam dar vazão as suas ambições pessoais por poder, enriquecimento pessoal e familiar.
Por isso que é importante fortalecer as instituições para que líderes, mesmo não tão talentosos, possam conseguir tocar a máquina governamental, dar um rumo para o Brasil. As instituições são cruciais, e não as lideranças em si.
O Brasil é um país de dimensão continental, com uma biodiversidade fantástica, 5º em tamanho territorial, referência da agricultura e pecuária, enfim, somos uma nação de destaque no cenário mundial.
Temos muito que aprender, e reivindicar as melhorias sociais tão precárias no país. O voto é a principal ‘ferramenta’ para mudarmos as questões políticas no nosso território.
Os governantes devem fielmente, buscar caminhos para educar/formar as nossas crianças e jovens. Mas, será que querem pessoas conscientes e críticas na sociedade? Só se muda um país, através da educação de seu povo.
Os brasileiros somos pessoas sofridas e merecemos mais atenção nas questões socais que envolvem as nossas vidas. Chega de corrupção política, de governantes que não fazem nada para melhorar o Brasil. Estamos necessitando de reformas urgentes em todos os campos.
A hora é agora, para todos nós, governo, políticos, povo, salvarmos o Brasil, pois, “quem sabe faz a hora, não espera acontecer” – (Vandré). Que 2018 mostre se estaremos certos ou se tudo ficará como está hoje: pão e circo.
AUREMÁCIO CARVALHO é advogado em Cuiabá.
auremacio.carvalho@hotmail.com