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Seleção natural

A Seleção Natural,  conforme a teoria da Evolução das Espécies de Darwin,  cuida de preservar    as características úteis  para o indivíduo ou o grupo  e descartar  as indesejadas ou inúteis.

Com alguma imprecisão, diz-se que  só os melhores sobrevivem e  deixam  descendentes. Os ineptos ficam pelo caminho.

Há um  processo em economia chamado “Seleção Adversa”, que é oposto da seleção natural.  Ele embora consiga separar os certos dos errados, por falta de informações adicionais, preserva os ruins e elimina os bons.

A definição das taxas de juros em  empréstimo ilustra bem.  Um banco  aumenta  as taxas  para compensar as  perdas que vêm dos maus pagadores. Com o aumento ele   afugenta os bons clientes, que migram para outras instituições.

Assim os empréstimos concentram-se nos maus pagadores, o que potencializa os riscos de inadimplência.

Outro exemplo:  se os planos de saúde ao decidirem os preços das mensalidades  considerarem valores muito parecidos para  todos os clientes, correm o  risco de ficarem com os mais onerosos. Isso porque há uma informação assimétrica entre as duas partes.

O cliente sabe de sua real  necessidade de assistência médica, coisa que  a empresa normalmente desconhece.  Os mais doentios contratarão  planos e os  sadios que gastam pouco  com doenças terão pouco interesse.

O ano que vem vamos selecionar, através do voto,  os parlamentares  para a Câmara Federal, Senado e Assembleias Estaduais.

O País e os Estados oferecem aos candidatos bons salários, despesas pagas (reais ou fictícias),  status diferenciado e, principalmente, a  possibilidade de enriquecerem com negociatas.

Além disso, garante  que eles só serão julgados pelas sacanagens cometidas com autorização de  seus colegas e em tribunais especiais, o tal  foro privilegiado.

As exigências para compensar tantas facilidades são pequenas:  três dias semanais de trabalho sem desconto das faltas, ser eleitor e cidadão brasileiro.  Não precisa ter bons antecedentes,  não exige qualquer formação ou experiência anterior.

Embora sua função seja também propor e votar leis, não carece ter conhecimento delas e nem preocupar-se com produtividade.

Por conta de todas essas vantagens, principalmente as ilícitas, certamente a maioria dos concorrentes aos cargos  oferecidos serão de baixa competência, cheios de  más intenções e dispostos a gastar mundos e fundos para conseguir essa boquinha.

Conclusão:  quando aumentamos os juros ficamos com os piores clientes;   nivelando o preço dos seguros de saúde escolhemos  os mais doentes;  não exigindo qualificação  ou princípios éticos dos políticos, selecionamos os piores quadros pra governar o país.

Há poucos dias escrevi sobre as Instituições Brasileiras. Na  ocasião  sugeri que os valores  éticos   de algumas  e o merecido desprestígio  de outras,  estariam relacionados  ao “efeito fundador”, isto é,  a reprodução dos princípios morais  ( bons ou maus )   das pessoas que fundaram essas  instituições.

Continuo culpando o “Efeito Fundador” por parte de nossas mazelas,  acrescento  entretanto,  a “Seleção Adversa” como corresponsável pelo total descrédito  de nossas Casas de Leis.

RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor em Cuiabá.

renato@hotelgranodara.com.br


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