Será que Mato Grosso terá mesmo duas novas ferrovias e também a extensão daquela que está em Rondonópolis até Sorriso? Sei não, mas não custa nada sonhar um pouco.
A Ferrogrão iria de Sinop a Miritituba no Pará. Ali, no chamado Arco Norte, já se tem portos aparelhados para receber mais de 16 milhões de toneladas de grãos.
Serão aumentados porque a ferrovia poderia transportar muito mais que isso.
Essa ferrovia seria construída pelas grandes do comércio de grãos: Bunge, Cargill, ADM, Dreyfus e Amaggi e custaria 12.7 bilhões de reais.
A outra seria a Transoceânica, aquela que seria construída pelos chineses e que ligaria o Atlântico ao Pacifico.
A ferrovia cortaria Mato Grosso de ponta aponta ali por Lucas. Comenta-se que seu custo seria de 10 bilhões de dólares e passaria pelos Andes.
Dizem que os chineses têm o dinheiro e a tecnologia para isso, até construíram ferroviais em lugares mais altos, como no Tibet.
Falam ainda que os chineses poderiam abandonar esse projeto e optar por outra ferrovia, a Fico ou ferrovia de integração do centro-oeste.
Os chineses tem também interesse na compra de grãos e tem uma firma gigante nesse comércio, a Cofco.
A outra ferrovia já existe, a novidade é que ela iria de Rondonópolis até Sorriso passando por Cuiabá. O que a concessionária precisa é ter sua concessão na Fepasa estendida de 2028 para 2048.
Com isso, ela investiria cinco bilhões de reais para recuperar aquela ferrovia paulista e construiria o ramal até Sorriso. Levando a carga para Santos ou, se o sonho permitir, competir com a Ferrogrão e também subir até os portos sul do Pará.
Os caminhoneiros ganhariam também. É que fariam viagens mais curtas para abastecerem aqueles trens do sonho ali de cima. Essas viagens são mais rentáveis para eles do que as longas de hoje.
É difícil sair todas essas ferrovias, mas como se está apenas em sonhos, o ideal seria ter todas competindo entre elas.
Na competição o frete cairia, o produtor ganharia mais. É o que ocorre nos EUA.
E a competição deveria se estender às empresas de comércio de grãos. Hoje as “cinco irmãs” dividem o mercado e levam tudo pelo Atlântico.
Se viesse a Cofco dos chineses para competir com elas e mais uma ferrovia deles para competir com a Ferrogrão, seria o ideal.
Essa imaginada competição, capitalista e sem ideologia, para MT e o produtor rural seria quase o paraíso. Competição no frete e na compra de seus produtos por empresas diferentes.
Mas, independentemente de suposições como essas, MT terá que arrumar meios para escoar a produção.
A produção agrícola no Estado, se forem incorporadas as 16 milhões de hectares que se têm disponíveis hoje, poderia chegar a 150 milhões de toneladas.
Se continuar a logística de transporte como está, não se tem condições de transportar tanta carga.
Sem transporte, esse aumento da produção de grãos, fibras e carnes, será apenas outro sonho.
ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador e analista político em Cuiabá.