O sargento da Polícia Militar, João Ricardo Soler, em depoimento aos delegados Flávio Stringueta e Ana Cristina Feldner, no caso que investiga os grampos telefônicos realizados no Estado, afirmou que não sabia o motivo pelo qual seria instalada uma escuta na farda do tenente-coronel José Henrique da Costa Soares. De acordo com as investigações, a escuta tinha a intenção de gravar, clandestinamente, uma reunião do oficial da PM com o desembargador Orlando Perri, então relator do caso que investiga os grampos ilegais.
Soler admitiu, mesmo sem saber o objetivo, ter instalado a câmera na farda. “Minha função foi de montar essa porcaria lá na farda do coronel”, confessou.
O sargento afirmou que os integrantes do grupo não informaram que o objetivo real era comprometer Perri. “Em momento algum imaginei que o contexto era esse. É uma história diferente da que eu me vi. Em nenhum instante foi falado de querer filmar para denegrir a imagem de alguém”, contou Soler.
Soler também disse que é amigo do ex-secretário da Casa Militar, Evandro Lesco, há muito tempo, já que trabalham juntos desde 1999. O sargento também explicou que, após Lesco ser beneficiado com a prisão domiciliar, ia a seu encontro no carro da esposa dele, Helen Christy Lesco. Segundo ele, havia uma determinação para o “amigo” não manter contato com testemunhas do esquema dos grampos, o que era seu caso.
“Era para não chegar com meu carro, pois na portaria tem câmera e não deveria me expor. Eu disse que só eu tinha algo a perder, pois ele não poderia ter contato comigo e estava tendo. O Lesco disse para eu ficar tranquilo, que o Soares era irmão”, contou.
O sargento destacou que inclusive foi repreendido por seu advogado, que condenou sua atitude. “O Marciano disse que eu tava louco e que esse cara (Lesco) ia complicar tudo. Me deu uma carcada. Perguntou como eu fazia uma coisa dessa (instalar o equipamento) sem avisar”, explicou.
João Ricardo Soler está preso desde 27 de setembro, quando foi deflagrada a “Operação Esdras”. Ele é acusado de auxiliar o grupo investigado no esquema dos grampos clandestinos a tentar a obstruir as investigações. Sua participação, segundo a Polícia Civil, foi instalar uma câmera na farda do tenente-coronel José Henrique da Costa Soares, escrivão do Inquérito Policial Militar sobre os grampos, para gravar o desembargador Orlando Perri e, assim, ajudar o grupo a levantar sua suspeição.