Após vir a tona o esquema de grampos telefônicos ilegais patrocinados pelo governo do Estado a partir da estrutura do núcleo de Inteligência da Polícia Militar, a estratégia do grupo que agia na clandestinidade era incriminar exclusivamente o ex-comandante geral da PM, coronel Zaqueu Barbosa, e o cabo Gêrson Corrêa Júnior.
Por determinação da Justiça, ambos foram os primeiros presos preventivos pela vigência do esquema de interceptações telefônicas ilegais que tinha como alvo advogados, jornalistas, magistrados, servidores públicos e políticos de oposição a atual gestão estadual.
A revelação foi feita pelo tenente-coronel da PM, José Henrique Soares, em um dos depoimentos prestados a Polícia Civil colhido pela delegada Ana Cristina Feldner.
O plano do grupo era impedir a qualquer custo a prisão preventiva do ex-secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos, Airton Benedito Siqueira Júnior, pois era encarado como enfraquecedor ao grupo que patrocinava as fraudes.
Porém, Airton Siqueira está preso preventivamente desde o dia 27 de setembro em decorrência da Operação Esdras da Polícia Civil.
“A determinação foi a seguinte: a prisão preventiva do coronel Siqueira jamais poderia acontecer porque, se isso acontecesse, o grupo iria ficar fragilizado”, disse.
O tenente-coronel José Henrique Soares é a principal testemunha dos inquéritos agora sob a responsabilidade do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em decorrência do foro por prerrogativa de função do governador Pedro Taques, que passou oficialmente a ser investigado.
Soares detalhou ainda que o pedido de blindagem ao ex-secretário Airton Benedito Siqueira Júnior foi uma ordem dada pelo major da Polícia Militar Michel Ferronato, considerado braço direito do ex-secretário de segurança Roger Jarbas, que ainda lhe propôs um acordo que lhe renderia promoção na Polícia Militar. Caberia a Soares gravar em áudio e vídeo o desembargador Orlando Perri e assim colocá-lo sob suspeição para afastá-lo das investigações relacionadas aos grampos telefônicos.
Ainda seguem presos preventivamente o ex-secretário chefe da Casa Civil, Paulo Taques, e outras nove incluindo o ex-secretário da Segurança e delegado da Polícia Civil Rogers Jarbas, e os coronéis da PM: Zaqueu Barbosa, Evandro Lesco, Ronelson Barros e o ex-secretário de Justiça e coronel Airton Siqueira Júnior, o major Michel Ferronato, o sargento João Ricardo Soler, o cabo Gerson Corrêa Júnior, o cabo Euclides Torezan e a mulher de Lesco, a personal trainner Helen Christy Carvalho.