Em Mato Grosso, alguns assuntos aparecem, fazem parte do zum-zum-zum por um tempo e, sem mais nem menos, somem da mídia e das discussões.
Lá na frente voltam à tona e depois mergulham em novo esquecimento. Repito alguns deles.
Cadê o estudo sobre o chamado ICMS indireto? Falou-se que entidades do agronegócio ou gentes da UFMT iriam destrinchar esse assunto.
Necas até agora. Esse estudo, se vier, mostraria que, apesar da desoneração do ICMS sobre a exportação de grãos por causa da Lei Kandir, o governo do estado arrecadaria bilhões de reais desse imposto como consequência do crescimento do econômico do estado trazido pela produção agrícola.
Tem hora que a gente acha que não querem fazê-lo porque apareceria dados que não interessariam ao governo ou ao agro. Mas as universidades poderiam fazê-lo sem tomar lado, oras.
Cadê as leis complementares da ZPE? Se falou muito nelas e até se acreditou que estavam prontas.
São aquelas normas que devem ser aprovadas pela Assembleia Legislativa que ajudariam a atrair empresas para a ZPE. Isenções do ICMS sobre energia, telecomunicação e transporte, são os exemplos.
Sem isso não se pode vender a ideia completa da ZPE para empreendedores.
Cadê também aquela lei no Congresso que abaixaria a cota de exportação da ZPE de 80% para 60% ou até mesmo para 50%? Isso é muito importante para ser mostrado para quem quer levar uma fábrica para lá.
Cadê as ferrovias, gente? Eram três, lembram? A dos chineses que iria para o Pacifico e cortaria MT pelo meio.
A outra, Ferrogrão, entre Sinop e Miritituba. E, no auge do converseiro, desceram a serra com a Ferronorte, que está em Rondonópolis, e iria até Lucas do Rio Verde. Essa cidade deveria abrir o berreiro, receberia qualquer das três ferrovias.
Será que essa questão de ferrovia tem ligação com uma estória do passado? É que a ferrovia Noroeste chegou a Campo Grande quando MT era uno.
Ferrovia naquela época sem estradas era a base de tudo e Cuiabá temeu que a capital poderia se mudar para o sul.
Até hoje muitos cuiabanos sonham com uma ferrovia, ela dá até votos.
A conversa sobre ferrovia faz tanto barulho que até o Riva criou uma, ali no Araguaia, às vésperas de um ano eleitoral. Teve muita gente acreditando.
Cadê a discussão, em dado momento acalorada, sobre novos meios para se conseguir recurso extra para a saúde? Falou-se em taxar o diesel diretamente ou através do Fethab dois.
Falou-se também em sacar um pequeno percentual dos poderes. Ou ainda usar o modelo usado em outros estados frente à lei Kandir para tirar um pedacinho mais de impostos do agro.
Falou-se até em voltar a loteria do Estado para que todo o dinheiro arrecadado fosse para complementar o orçamento anual da saúde.
Cadê a construção do Parque Tecnológico, ali ao lado da UFMT, em Várzea Grande?
Falou-se que havia quatro milhões de reais para essa obra e a conversa sobre o assunto também sumiu.
ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador e analista político em Cuiabá.