O major da Polícia Militar Michel Ferronato prometeu ascender ao cargo de coronel o tenente-coronel José Henrique Costa Soares, o escrivão do inquérito policial militar (IPM) que apurava a suspeita de participação de PMs em um esquema de grampos telefônicos clandestinos.
Em troca, José Soares deveria proteger o então secretário de Segurança Pública, Roger Jarbas, das investigações conduzidas pela delegada Ana Cristina Feldner da Polícia Civil.
Ferronato é assessor da Secretaria Adjunta de Inteligência e é responsável pela Escola Superior de Inteligência de Mato Grosso (Esimat).
As informações constam em um dos trechos da decisão do desembargador Orlando Perri que culminou na Operação Esdras da Polícia Civil.
Na quarta-feira (27), foram presos preventivamente o ex-secretário chefe da Casa Civil, o advogado Paulo Taques, primo do governador Pedro Taques (PSDB), o secretário de Segurança Pública Rogers Jarbas que já estava afastado do cargo e submetido ao uso de tornozeleira eletrônica por suspeita de obstrução à Justiça.
Também foram presos o ex-chefe da Casa Militar, coronel Evandro Alexandre Lesco e sua esposa Helen Christy Carvalho Dias Lesco, o sargento João Ricardo Soler e o empresário José Marilson.
Há ainda um mandado de prisão contra o major Michel Ferronato. Porém, não foi cumprido porque ele está fora de Mato Grosso, mas está disposto a entregar-se a autoridade policial.
A abordagem do major Michel Ferronato ao tenente coronel José Henrique para tratar da promoção de cargo na PM se deu na praça principal do Parque Mãe Bonifácia, localizado em Cuiabá.
Após a promessa de ascensão de cargo, Ferronato disse ter conhecimento de que havia avanços nas investigações que comprometiam o secretário de Segurança Pública Roger Jarbas a respeito das interceptações telefônicas ilegais.
Por isso, seria necessário gravar o desembargador Orlando Perri e deturpar suas declarações para assim torná-las públicas e afastá-lo das investigações.
Em um segundo encontro no Parque Mãe Bonifácia, Ferronato manifestou preocupação com a prisão do secretário Airton Siqueira e com a possibilidade de o ex-comandante geral da PM, Zaqueu Barbosa, firmar acordo de colaboração premiada.