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Mudança na política

Está na hora, antes que seja tarde, de distinguirmos a Política dos políticos. Que a representação politica esteja no mais baixo nível de nossa história contemporânea, sobre isto não se tem a menor dúvida.

Em qualquer conversa, pela leitura dos jornais ou o ligeiro acesso às redes sociais, testemunha-se essa realidade. E não há como questioná-la. Nunca, como nos últimos tempos, tivemos na atividade política a existência de uma safra tão ruim. Sob todos os aspectos. Que vem piorando de eleição para eleição.

Conta-se que nos anos da ditadura, Ulisses Guimarães e o experiente deputado Thales Ramalho, do MDB de Pernambuco, conversavam sobre a legislatura que findava e as perspectivas com a eleição recém-realizada.

Este último observou que havia notado uma queda no nível da qualidade da legislatura que estava se encerrando. Ao que o velho comandante teria dito: “Você vai ver como vai ser a próxima”. E assim foi ano após ano. Até chegarmos ao estado deletério atual.

Mas a queda na qualidade moral e cultural de nossos representantes não é justamente o reflexo do que se passa no conjunto da sociedade? Afinal, a responsabilidade por suas escolhas, não é exclusiva do eleitor?

E aqui está a grande, a imensa, vantagem de termos em vigor um processo democrático. Tal situação não é definitiva, não se trata de uma condenação eterna. Ela pode mudar.

É de vital importância que tenhamos plena consciência da necessidade de mudança para outro patamar, onde a política seja sinônimo de respeito pela coisa pública e aquele que a exerce seja sobretudo um vocacionado.

Mas para que essa vocação seja autêntica é preciso não apenas boa vontade, mas sobretudo estudo, estudo, estudo. É impossível dissociar a arte da politica da cultura, da educação, do preparo técnico, do conhecimento cientifico da realidade.

Isto não quer dizer que quem faz política tem que ser necessariamente um intelectual, até porque tantos intelectuais já “quebraram a cara” no exercício da política.

No entanto, é impossível continuar a ter políticos que são eleitos por fazerem promessas demagógicas e por serem exímios em darem tapinhas nas costas.

É necessário que tenhamos homens e mulheres que estejam metidos na política tendo um conhecimento básico da realidade circundante, em que os “achismos” e improvisações infrutíferas sejam coisas do passado.

É preciso por um fim nos improvisadores, nos oportunistas de todas as espécies e circunstancias.

Por que não falo aqui da necessidade da honestidade? Porque neste novo tempo a condição de honesto não mais será um adjetivo, mas uma qualidade intrínseca a todo e qualquer político. Honestidade deverá ser um substantivo sem o qual, seja de direita, de centro ou de esquerda, o político não poderá deixar de ter.

E honestidade aqui a utilizo no sentido anglo-saxônico do conceito pelo qual se a entende não apenas naquele que não rouba o dinheiro, mas igualmente naquele que não se deixa corromper pelas benesses do poder ou que não vira-casaca traindo suas ideias a cada momento que a oportunidade se lhe oferece.

Aqui está um ponto capital: os políticos, pelo menos os atuais, não se tornarão honestos e instruídos como num passe de mágica, porque assim, como por milagre, o querem. Não. Para que isso aconteça irá depender, e muito, da capacidade do eleitor, da nossa capacidade em nos tornamos mais instruídos, mais informados e mais honestos.

Assiste-se, sobretudo pelas redes sociais, um enorme rechaço aos políticos que exercem, ou em algum tempo próximo exerceram, mandatos eletivos. E com eles, e por eles, se confunde as instituições que integram, sobretudo o Parlamento.

Esse é, certamente, um doloroso equivoco. De consequências imprevisíveis. Temos, aqueles que efetivamente estão interessados em ter uma nova Nação, de distinguir entre uma coisa e outra. Jogar fora o fruto podre para preservar e vivificar as instituições.

Em outras palavras: descartar todos esses políticos que só se locupletaram das benesses do poder, esses analfabetos funcionais que se “orgulham” de seu baixo nível cultural, para fortalecer o Parlamento como instituição vital da Democracia.

Encerrando estas breves anotações, é imperioso porém que não sejamos injustos ou parciais para julgarmos apenas a atividade política como aquela única e exclusiva que provocou a queda em nosso conceito de nacionalidade.

Será que em outras instituições republicanas o processo, talvez menos acelerado e deprimente, também não ocorreu? Reflitamos.

É preciso, em conjunto, nos esforçarmos para desenvolver a capacidade de dizer “NÃO” para gerar em nós a capacidade de dizer “SIM”.

SEBASTIÃO CARLOS GOMES DE CARVALHO é membro do Instituto dos Advogados Brasileiros [RJ], do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso e do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás.


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