O médico e empresário Rodrigo Barbosa, filho do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), revelou em depoimento à Procuradoria Geral da República (PGR) que recebia propina mensal de R$ 350 mil da empresa Quality Veículos, que mantinha contratos com o Estado durante a gestão do seu pai, o ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
A informação consta no acordo de colaboração premiada já homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 9 de agosto.
O valor da propina era arrecadado pelo ex-secretário de Estado de Administração, Pedro Elias, e entregue em espécie para Rodrigo Barbosa.
Por conta dos laços de amizade, o médico e empresário Rodrigo Barbosa disse em seu depoimento que, após a nomeação de seu amigo Pedro Elias para a Secretaria de Estado de Administração, passou a manter contato com diversos empresários. Por isso, também recebia propina da Sal Locadora de Veículos que mantinha contrato com o Estado.
A Sal Locadora e a Quality participaram de licitação para contrato de locação de veículo junto ao Estado e venceram o certame que compreendia diversos lotes.
Somente em 2014, conforme levantamento feito nos registros do Fiplan (Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças), o governo do Estado autorizou 46 pagamentos à Sal Locadora, no montante de R$ 3,1 milhões. A empresa, conforme consulta ao Fiplan, realizava a prestação de serviços para diversas secretarias.
Em junho de 2015, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deflagrou A Operação Overbooking que investigava fraudes em licitação no âmbito do governo do Estado relacionada a locação de veículos. A Sal Locadora figurava no rol de empresas investigadas.
De acordo com o depoimento, Pedro Elias contou a Rodrigo que os empresários da Quality estavam insatisfeitos com os constantes atrasos no repasse do governo pela prestação de serviços, do qual 10% do valor era revertido para a dupla.
“Que o Declarante acredita que os pagamentos efetuados pela empresa Qualilty Veículos ocorreram por um ano e Pedro Elias levava sempre em espécie até a residência do declarante”, consta da delação. O declarante e Pedro Elias rateavam em proporções de 40-60% a 30-70%, sendo que o percentual maior da divisão ficava com Rodrigo”, diz um dos trechos da delação.
O empresário Rodrigo Barbosa declarou que os valores recebidos ilicitamente foram empregados no pagamento de despesas pessoais.
Diz ainda que recebeu em torno de R$ 350 mil, podendo haver alguma variação, pois não havia regularidade nos pagamentos.
Rodrigo Barbosa diz que não sabe como Pedro Elias aplicava o dinheiro, mas afirma que ele mantinha um padrão de vida muito acima do que seu salário real poderia pagar.
“Que o Declarante não se recorda de aquisições de bens de alto valor por Pedro Elias, mas que quando aparecia com algum artigo de luxo, Pedro Elias dizia que era do tio Murilo Domingos”, complementa o depoimento.