O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) declarou em um dos seus depoimentos prestados a Procuradoria Geral da República (PGR) na colaboração premiada já homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), de que utilizou R$ 7 milhões oriundos de propina arrecadada com a concessão de incentivos fiscais para pagar uma dívida de R$ 7 milhões do atual Secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Carlos Avalone (PSDB).
O dinheiro teria sido pago irregularmente pela empresa Martelli Transportes. Silval disse que se viu obrigado a honrar o pagamento da dívida pois Avalone não a quitou, e o ex-governador figurava como avalista.
Na época dos fatos, no período de 2012 a 2013, Avalone era suplente de deputado estadual na Assembleia Legislativa, e um dos proprietários da empresa Três Irmãos Engenharia, contratada pelo Estado para executar obras de mobilidade urbana destinadas a Copa do Mundo de 2014.
O ex-governador disse também que foi procurado pelo empresário Robério Garcia, pai do deputado federal Fábio Garcia (PSB), e proprietário da Engeglobal Construções, para ser ouvido a respeito da possibilidade de auxiliá-lo financeiramente, pois a empreiteira executava obras estratégicas para a Copa do Mundo e lidava com dificuldades financeiras.
“O colaborador [Silval Barbosa] se recorda também que foi procurado por Robério Garcia, proprietário da Engeglobal e Carlos Avalone, ex-deputado estadual no ano de 2012 ou 2013, proprietário da Construtora Três Irmãos, pedindo para o colaborador ser avalista deles, pois eles estavam realizando obras da Copa e estavam sem dinheiro”, relatou Silval, em um trecho da delação.
A Martelli Transportes já foi denunciada pelo Ministério Público Federal (MPF) à Justiça Federal em um dos desdobramentos da Operação Ararath pela suspeita de de obter benefícios fiscais em troca de propinas à organização criminosa chefiada no Estado pelo ex-governador Silval Barbosa.
Na delação, Silval relata todo o esquema mantido entre o Governo do Estado e a Martelli Transportes.
Um dos proprietários da empresa, Genir Martelli, já havia firmado acordo de colaboração premiada em maio deste ano, se propondo a devolver cerca de R$ 9,1 milhões aos cofres públicos.
De acordo com Silval, o dinheiro recebido através dos decretos que concediam créditos às transportadoras, foi utilizado para o pagamento de diversas dividas, entre elas a de Avalone.
“O colaborador [Silval] foi avalista desse empréstimo com Jurandir da Solução. Robério e Carlos Avalone não pagaram o principal, iam pagando apenas os juros, tendo o colaborador tido que ia arcar com esse débito no valor aproximado de R$ 7 milhões de reais, sendo tal pagamento feito em parte com valores recebidos dos Martelli para a concessão dos créditos tributários”, completou o ex-governador em seu depoimento.