Quando, nos próximos dias, receber mais informações de assessores diretos e a Procuradoria-Geral do Estado exarar parecer sobre a viabilidade ou não da continuação das obras do VLT, o governador Pedro Taques decidirá, acatando ou não a sugestão, se continua ou aborta as obras, que aqui chamo de o “Bebê da Rosimeire”, nascido do ventre do ex-governador Silval Barbosa e sua trupe, empreiteiros e parlamentares, os quais são conhecidos de cor e salteado pela população.
O governador do Estado teve o lampejo da premonição, já no início de 2013, de que o VLT em Cuiabá, em pleno arroubo da Copa 2014, seria um problema.
No Senado Federal, ‘bateu duro’ contra, cuspiu, esperneou, sei lá, mas foi voto vencido e uma leva de políticos e gestores se regalou com o início das obras que jorravam propinas e não foram além dos 10% em execução.
No começo da sua gestão, Taques até que se assanhou para continuar as obras, considerando que a população já pagara – e caro, mais de um bilhão e meio de reais – e que concluir as obras era o mais razoável.
Por ele, em setembro, um primeiro trecho seria concluído até o ano que vem (Várzea Grande-Porto).
Ocorre que a operação da Polícia Federal, chamada de Descarrilho (melhor seria Descarrilo), provocou sobressaltos ainda mais devastadores do que supunha a vã filosofia popular e o próprio Governo: os estragos fiscais e financeiros e a quantidade de envolvidos no esquema estão além do se media há algum tempo.
Com revelação recente de novos nomes e montantes pela Polícia Federal, Taques, imediatamente, suspendeu as conversas que vinha mantendo com o Consórcio VLT, enlameado, junto com políticos numa trama, onde forrar as contas bancárias e ampliar o poder aquisitivo era o único fim.
As obras eram o que de menos interessava – como está provado nos trilhos, estação, armações e vagões entregues e carcomidos pelo tempo, poeira, sol e chuvas e o nunca mais.
Pedro Taques deve a aguardar, tecnicamente, uma posição do seu pessoal, mas, pelo seu desejo antigo de não permitir a conta no bolso do contribuinte, deverá esquecer o VLT e trilhar outras alternativas, o BRT (aquele corredor para ônibus sanfonados), por exemplo, leiloando os vagões, livrando-se da herança maldita.
Há quem defenda a continuidade das obras, mesmo com todos os prejuízos.
O razoável seria, porém, manter preso e prender quem provocou os estragos e buscar outras formas de transporte para Cuiabá, além de se se livrar dos canteiros mortos entre a capital e Várzea Grande.
Cuiabá carece de muitas coisas, precisa de investimentos variados, de avenidas, praças, áreas de lazer. Menos de linhas do VLT.
JORGE MACIEL é jornalista em Cuiabá.