"> Um memorial – CanalMT

Um memorial

Com a morte de Jorge Bastos Moreno, eu disse em artigo nesta coluna, que este personagem ilustre merecia mais do que uma escola com seu nome, como prometeu o Governador do Estado de MT.  Dois jornalistas apenas mencionaram a respeito de homenagens a ele. O certo é que Cuiabá é mesquinha quando se trata de homenagear seus ilustres filhos.

A não ser Rondon que foi homenageado com um memorial em Barão de Melgaço e tem seu nome associado a diversas outras obras, desconheço alguém mais que tenha sido homenageado – a não ser em coisas inexpressivas –  com exceção de Dom Aquino, o resto tem padecido numa enorme indiferença.

Vou citar apenas dois dentre tantos: Eurico Gaspar Dutra e Roberto de Oliveira Campos. Dois nomes de prestígio inconteste. O primeiro foi Presidente da República e cogitado para fazer a transição entre a derrubada do regime em 1.964 e a redemocratização do País. O segundo, um irretocável diplomata, um grande intelectual e um dos maiores economistas do século 20.

Defendeu a vida inteira a economia de mercado que terminou triunfando em todo o mundo. Ocupou diversos cargos de destaque no Brasil e no exterior. Um exímio frasista, dentre tantas outras qualidades.  O Bob Field que a esquerda combateu ferozmente durante a sua vida inteira – como tudo que não é de esquerda.

Onde se encontra, em Cuiabá, qualquer homenagem que faça jus a estes dois personagens?

Um povo sem passado é um povo sem memória. E memória é bússola do futuro. O historiador Laurentino Gomes esteve em Cuiabá, e foi procurar a casa onde morou o Mal. Deodoro da Fonseca perto de Igreja do Rosário e nada encontrou. A falta de apreço para com o nosso passado é lastimável.

Por que não fazer um memorial – a exemplo do Memorial do Exército no Rio de Janeiro, no forte de Copacabana – mediante um estudo de todos os nossos personagens históricos que mereçam fazer parte dele. Não podemos deixar que as atuais gerações desconheçam a história e os homens ilustres que fizeram parte dela,  pois – “Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la”. (Edmund Burke).

Os 300 anos da cidade merecem ser comemorados com grandes homenagens aos seus filhos ilustres. Daí a pertinência da proposição.

Fica a sugestão! E nem sei se ela é inédita. Entretanto, pode trazer a reconciliação com o nosso rico passado, o que já  é uma grande coisa. O Estado de Mato Grosso não é grande somente pela produção de grãos e carne. Ele é, sobretudo, imenso por que a sua história e sua cultura são mananciais inesgotáveis de valores, tradições e de tanta gente valorosa.

É preciso, também, que se debruce sobre a controvertida história de Filinto Muller de outros personagens da nossa história para que, livre das pressões e das paixões, lhes sejam dadas as dimensões que merecem. A história cuida de fatos e não de idiossincrasias que envolvem os seus personagens.

RENATO GOMES NERY é advogado em Cuiabá.

rgnery@terra.com.br 


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