Enquanto servidores protestavam, na manhã desta quarta-feira (7), em frente à Assembleia Legislativa de Mato Grosso, sindicalistas, representantes de 20 carreiras do Estado, sentaram, pela primeira vez nesta data base, com o Governo do Estado, para tentar um acordo com relação ao pagamento da Revisão Geral Anual (RGA). O Executivo quer pagar em parcelas e somente em 2018. Por outro lado, os servidores cobram a RGA de imediato.
A reclamação do Fórum Sindical é a de que o governador Pedro Taques (PSDB) fechou-se desde a greve do ano passado, também provocada pela RGA, e não queria abrir o diálogo.
Na reunião da manhã, no entanto, não houve avanços. Uma outra rodada entre as partes foi marcada ainda para esta quarta-feira, às 16 horas. Até este horário, a manifestação permance na AL.
O Governo do Estado só vai se manifestar após a nova rodada de hoje.
O Executivo já encaminhou, na última quinta-feira (1), à Assembleia Legislativa projeto de pagamento parcelado da RGA e tem maioria para aprovar. Mas a matéria ainda não foi lida.
Nesta manhã, mediante a movimentação dos servidores, a sessão parlamentar nem chegou a ser aberta, às 8h, como de praxe. Manifestantes chegaram a ocupar as galerias, para tentar fazer pressão sobre a base do Governo, mas, depois das 10h, sem qualquer movimentação na plenária, voltaram para a frente da Casa, onde, em carro de som, representantes sindicais cobravam a RGA.
Pró-servidores
m dos deputados da base do governo mas que apoia a causa dos servidores é Wancley Carvalho (PV). Como servidor público, da carreira de Policial Civil, destaca que desde o ano passado vem fazendo isso.
“Entendo que o Estado está realmente passando por um problema financeiro, mas sempre defendi que nós temos que buscar um dinheiro novo, através das commodities”, sugere, acreditando que isso afastaria o clima de instabilidade no pagamento de direitos trabalhistas, como a RGA.
Allan Kardec, deputado estadual petista, de oposição a Taques, comentou que, na Casa, são só 10 nomes favoráveis a causa dos servidores, das 24 cadeiras. Sendo assim, a estratégia da oposição, segundo ele, caso a matéria tramite, será “pedir vistas, segurar o projeto, até que o Fórum Sindical consiga uma negociação com o Governo”.
Deputada do PMDB, Janaína Riva, que também faz oposição a Taques, informa que a proposta do Executivo ainda não passou pelas comissões e essa semana não tem decisão no voto.
“Mas, nas nossas contas, as chances do parlamento vetar são bem pequenas, embora a RGA seja constitucional e deva ser considerada no teto de gastos”, ressalta. Para ela, o Governo “não pode deixar o servidor com salários defasados porque perdem poder de compra”, o que infere na dinâmica social.
Base de Taques
Da base de Taques, deputado Gilmar Fabris (PSD) pede aos servidores compreensão. “Ano passado, teve esse mesmo assunto aqui nesta Casa e o Governo está tudo que os servidores queriam. Neste exato momento, o que o governador pede é um crédito para que o ano que vem esteja pagando a RGA, sendo que (Mato Grosso) é o segundo Estado a pagar a RGA”, detalhou.
Fabris disse ainda que Taques vem dizendo que quer pagar a RGA, até por uma “questão pessoal”, considerando que é direito do servidor, mas que o setor financeiro do staff governamental é que tem competência para indicar a melhor forma de fazer isso.
Fabris lembra que 2018 é ano eleitoral e o governador, na visão dele, não colocaria uma “bomba na mão para não cumprir”.
Avalia que greve “não vai legar a lugar algum” e só causar desgaste, inclusive com intervenção do judiciário.
Sindicalistas
Assessor Jurídico do Sindicato dos Profissionais da Área Meio do Poder Executivo de Mato Grosso (Sinpaig), Antônio Wagner de Oliveira, explica que a categoria cuida da folha de pagamento, de processos de progressão na carreira e aposentadia, dos orçamentos e da contabilidade públicos, de repasses para municípios, tendo, além dessas, outras funções primordiais para o andamento administrativo e financeiro do Estado. São 2 mil servidores nesta função. “Somos imprenscindíveis”, afirma o sindicalista. “Por isso, que é um absurdo e um desrespeito do governador com os servidores não dialogar conosco”.
Segundo ele, é importante que os servidores permaneçam na AL o máximo de tempo possível.
É um exercício de resistência, se for necessário temos que acampanhar aqui dentro, acho que os servidores estão começando a entender que esta também pode ser uma ação”.
Adolfo Graça, presidente do Sindicato dos Profissionais do Desenvolvimento Econômico e Social de Mato Grosso (Sindes), destaca que a paralisação de hoje é “para dar um não ao governador”, rejeitando claramente a proposta que ele apresentou de parcelamento. “A gente espera que ele esteja sensível a uma adaptação”, diz. O Sindes associa cerca de 4 mil servidores lotados em todas as secretárias e especialmente na Secretaria de Estado da Infraestrutura (Sinfra).
Gisela Simona, do Sindicato dos Conciliadores de Defesa do Consumidor, servidora de carreira no Procon, avalia que a falta de diálogo é muito ruim “Acreditamos que os deputados são representantes do povo e não do governador e por isso creio que podem convencer o governador a encaminhar um substitutivo”, reivindica.