A denominação “mala preta”, anteriormente era relativa apenas às questões envolvendo o futebol, nome dado ao incentivo em dinheiro fornecido a uma equipe desportiva para perder uma partida contra uma segunda equipe, de modo que o resultado da partida beneficiasse uma terceira equipe.
Este modelo de propina pouco ortodoxo e imoral saiu dos meios futebolísticos; passando a ser utilizado com força total no cenário político, fruto da certeza da impunidade, e pela ganância exacerbada, por parte de alguns agentes públicos, que no afã de enriquecimento ilícito, passaram a praticar uma série de ilicitudes envolvendo dinheiro público, através da corrupção ativa, passiva, peculato e por ai vai.
O combate à corrupção cresceu de forma acentuada, com o fortalecimento de leis e instituições, com a estruturação da Polícia Federal (PF), independência do Ministério Público (MP) e a atuação da Controladoria-Geral da União que intensificaram o combate a desvios de dinheiro público, isso se deu com maior intensidade, a partir de 2003, com a criação de várias operações de combate à corrupção.
Isso só foi possível, graças à implementação de leis mais duras contra o ato de corrupção, como a Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei nº 12.683/2012) e a Lei Anticorrupção (Lei nº 12.846/13) e a modernização das estruturas e carreiras da Polícia Federal.
Dentre as operações de combate à corrupção deflagradas no Brasil, a mais impactante e contundente, está sendo a Lava Jato, esta, apertou o cerco contra os tubarões, antigamente pegava-se apenas peixes pequenos.
A situação se agrava, no momento em que tem início o conjunto de delação da JBS, Joesley Batista, um dos donos do grupo revela a entrega de propina aos indicados do presidente Michel Temer (PMDB) e do senador Aécio Neves (PSDB).
Não se trata de ilação ou coisa que o valha, na gravação Aécio Neves (PSDB), pede 2 milhões ao dono da JBS Joesley Batista, que usou a gravação em sua delação premiada.
A entrega do dinheiro foi negociada por um executivo do grupo J&F, do qual a JBS faz parte, Ricardo Saud, segundo a PF, seriam entregues quatro malas, com R$ 500 mil cada uma, a Frederico Pacheco Medeiros, primo do senador Aécio, de acordo com as investigações, Frederico repassou o dinheiro a Mendherson Souza Lima, então assessor parlamentar do senador mineiro Zezé Perrela (PMDB-MG).
Segundo a Polícia Federal (PF), R$ 500 mil foram transferidos para a ENM Auditoria, empresa com sede em Belo Horizonte e pertencente à Euler Nogueira Mendes, por sua vez, a ENM depositou o valor na conta da Tapera Participações empresa que tem como um de seus donos Gustavo Perrela, ex-deputado estadual e filho do senador Zezé Perrela.
A Polícia Federal (PF), já havia encontrado R$ 480 mil na casa da sogra do Mendherson, perfazendo um total de R$ 980 mil já encontrados.
Enquanto as gravações das filmagens não haviam sido divulgadas, alguns dos envolvidos tentavam pousar de paladinos da moralidade, indo às emissoras televisivas, tentando explicar o inexplicável.
Eis que surge um fato novo, o presidente Michel Temer (PMDB), troca o Ministro da Justiça e da Segurança Pública Osmar Serraglio (PMDB-PR), com o jurista Torquato Jardim, da pasta Transparência e Controle. Vale lembrar, que Temer e Torquato são amigos a mais de 35 anos.
Vamos aguardar o desenrolar dessa novela mexicana, para ver como termina. Esperamos que a mesma tenha um final feliz, e que não consigam enfraquecer, uma das operações mais conclusivas do nosso país a Lava Jato.
Pare o mundo, quero descer!
Licio Antonio Malheiros é geógrafo
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