É difícil avaliar o descrédito com a política que as pessoas comuns estão sentindo. A cada amanhecer uma nova revelação de artimanhas, negociatas, compras e vendas de pessoas que pega quase todo espectro político nacional.
Poucos partidos políticos escapam das negociações, e os que não estão citados diretamente, talvez, só não estejam porque não tiveram oportunidade de serem literalmente comprados, como são nossos políticos, ou pelos menos a sua grande maioria.
E não há saída, não com esses políticos, quase todos sob suspeita, sendo investigados, incapazes de serem republicanos, lutando apenas para permanecerem no poder e manter as regalias que ele permite, por leis votadas por esses mesmos políticos miúdos, que pensam mais em si, do que no povo, ou no bem comum.
Temer me parece morto, ainda que não esteja enterrado. O congresso sem autoridade moral ou política, deverá eleger alguém que dificilmente terá qualquer legitimidade, mesmo se respeitando as leis.
Ficar com Temer é inviável, imoral, repugnante. Ter Rodrigo Maia como presidente temporário será um horror, e aquele que sair da fornalha do Congresso, só por ter alguma intimidade com esses políticos, desmerece qualquer respeito, não terá autoridade alguma, seja sobre a população (que não o escolheu) seja sobre os Congressistas (porque o escolheu e lhe deve subserviência).
Nossos políticos não têm grandeza, não possuem tão pouco alguma sabedoria, não são republicanos, não tem sensibilidade para perceberem o momento histórico. Tivessem alguma dignidade e honestidade renunciariam coletivamente: a maioria por terem feito o mal, e a pequena minoria por não terem impedido a feitura do mal dos demais.
O congresso longe está de ter alguma solução ao país, é antes um dos seus mais graves problemas, pois legisla mais em causa própria do que para a nação.
Minha sugestão é que não se reeleja nenhum dos políticos atuais ou passado, apenas rostos novos sem compromisso com os coronelismos políticos antigo, secular. Corremos o risco de colocar pessoas piores do que as atuais? Sempre é possível, mas a avaliação que faço, é que dificilmente seremos mais mal representados do que atualmente nos encontramos.
Os partidos não representam senão seus interesses próprios e mesquinhos por nacos do poder. A confiança nacional que já não era grande, agora me parece uma desconfiança coletiva nas autoridades governamentais. Seria necessário um novo pacto nacional, o que os políticos não querem.
Roberto de Barros Freire é professor do Departamento de Filosofia/UFMT