Monitorada pela Polícia Civil em uma escuta legal, autorizada pela juíza Selma Rosane Santos Arruda, a ex-servidora comissionada do Governo do Estado, Tatiana Sangalli, revelou que iria se casar com o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, a quem ela se referia, nas conversas interceptadas, com deboche e até mesmo “desejando a morte” do Comendador. Ele atualmente preso em um presídio federal em Mossoró, no Rio Grande do Norte.
Em uma das ligações interceptadas, Tatiana conversa com um homem identificado como Roni e que seria “pai de santo”. No diálogo, a ex-servidora afirma que está com um pressentimento. “Depois que eu visitar esse homem, ele vai embora desse plano e eu vou ficar viúva dele. Vou assinar em separação universal de bens”, diz ela, se referindo ao processo de casamento que teria com João Arcanjo Ribeiro.
O pai de santo diz a Tatiana que ela ainda verá Arcanjo sair da prisão, que já cumpre pena há quase 15 anos por vários crimes, sendo o principal a morte do jornalista Sávio Brandão. “Está perto dele sair. Ele ainda vai sair de lá. Não vai demorar muito para ele mudar de plano (morrer), mas vai dar um tempinho”, disse ele.
Nas conversas, fica claro que Tatiana iria casar com João Arcanjo Ribeiro sem conhecê-lo numa “trnasção comercial”. Ela, alertada por uma mulher não identificada sobre o perigo de se envolver com o ex-bicheiro, subestima o Comendador e brinca com a situação. “Estou indo agora para o cartório (casar com João Arcanjo)”. A amiga responde que Tatiana ficará rica e ela responde, dizendo que vai “investir tudo na carreira do M.” (namorado de Tatiana).
Alertada pela amiga, que diz ter medo de Arcanjo mandar “matar, cortar, picar, cortar tudo” o namorado de Tatiana, a ex-servidora brinca dizendo que o “homem de preto mata e pica ele inteirinho”. Em relação ao encontro dela e Arcanjo, ela afirma para a amiga que quer saber mesmo como será a conta. ”Quero saber como vai ser a conta, irmãzinha. Vai por, não vai por, quanto vai ser a cobrança, dinheiro da Tatiana. Vou falar pra ele que não estou morta e como vai ser. Não vivo por pinto. Está louco? Pinto ‘veínho’, nunca!”, diz a ex-servidora.
Ela ainda relatou a amiga que contaria a Arcanjo que está namorando e que o processo de casamento demorou muito. “Vou falar que estou com um relacionamento. Você quer que eu fique com você? Como será essa conversa. Vou falar assim. Vamos ver como o senhor quer, né Comendador. De repente nós fazemos negócio”, disse ela.
Ela encerra a ligação, dizendo para a amiga que “depois que ele já estiver bem atendido, vai pensar: não vou conseguir ficar sem esse trem’”, diz Tatiana.A ex-servidora comissionado da secretaria de Transportes e Pavimentação asfáltica começou a ser investigada após telefonar para uma amiga que trabalhava na Casa Civil.
A época, ela declarou que Arc anjo estaria tramando um atentado contra o governador Pedro Taques (PSDB). Após as investigações da “Operação Querubin”, que nem chegou a ser deflagrada, o delegado do GCCO (Gerência de Combate ao Crime Organizado), Flávio Stringuetta, concluiu que Tatiana Sangalli inventou a história com o objetivo de prejudicar o ex-secretário chefe da Casa Civil, Paulo Taques, que teria tido um caso amoroso com ela antes de 2015 quando assumiu o cargo.
O inquérito sobre a investigação sobre a ex-servidora da Casa Civil foi incluído na denúncia feita a Procuradoria Geral República pelo ex-secretário de Segurança Pública e promotor, Mauro Zaque, de um esquema de escutas ilegais. Tatiana Sangalli teria sido grampeada ilegamente pelo Núcleo de Inteligência da Polícia Militar devido aos constantes contatos com o jornalista José Marcondes, o Muvuca, também alvo de escutas clanfestinas.