Em depoimento a juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda, o empresário Filinto Muller afirmou que foi desviado uma quantia de R$ 10 milhões dos cofres públicos para pagar contas do ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
A declaração foi dada na ação penal relativa a terceira fase da Operação Sodoma da Polícia Civil na tarde de terça-feira (18).
O Ministério Público Estadual (MPE) sustenta que houve um desvio de R$ 31 milhões dos cofres públicos. Desta quantia, R$ 15,857 milhões retornaram a organização criminosa chefiada pelo ex-governador Silval Barbosa.
A fraude está relacionada ao pagamento pela desapropriação do bairro Jardim Liberdade I em Cuiabá.
Os réus na ação penal são o ex-governador Silval Barbosa; o ex-secretário-chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf; o ex-secretário de Fazenda, Marcel de Cursi; o procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima; o ex-chefe de gabinete de Silval, Silvio Cezar Corrêa Araújo; o ex-secretário de Planejamento, Arnaldo Alves; o ex- presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), Afonso Dalberto; os empresários Antônio Rodrigues Carvalho, Alan Malouf e Valdir Piran ; o advogado Levi Machado de Oliveira e o ex-presidente da Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat), João Justino Paes de Barros.
Durante o depoimento, o empresário Filinto Muller, afirmou que atendeu pedido do procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho – o Chico Lima, e abriu uma empresa em nome de Sebastião Farias, apresentado por Chico Lima, para lavar dinheiro. O homem, segundo o empresário, era pedreiro.
Filinto disse ainda que o pedreiro jamais movimentou qualquer quantia em nome da empresa, e que os R$ 15,8 milhões desviado dos cofres públicos por meio da desapropriação do bairro Jardim Liberdade foi movimentado pela empresa.
O empresário declarou que sempre assinou documentos em nome da empresa laranja, e que algumas vezes falsificou assinatura de Sebastião a pedido do pedreiro.
Filinto confirmou ainda que cobrou 4% para “lavar” os mais de R$ 15 milhões, mas que o grupo de Silval achou caro e o valor ficou em 3%.
O empresário declarou que o negócio foi tratado entre ele e Chico Lima, e que ficou fechado que R$ 10 milhões teriam que ser repassado para o empresário Valdir Piran para quitar uma dívida de campanha de Silval Barbosa. Os pagamentos foram feitos de forma parcelada.
Ele conta que a primeira parcela paga foi no valor de R$ 3 milhões, e que Piran exigiu que fosse pago restante, R$ 7 milhões, em cheque.
Filinto comenta que os R$ 5 milhões restante, dos R$ 15 milhões, foram divididos entre Chico Lima, Pedro Nadaf, Arnaldo Alves e Marcel de Cursi.