A Câmara de Vereadores de Cuiabá deve recontratar para o cargo de procurador-geral do Legislativo o advogado Francisco Faiad, preso na quinta fase da Operação Sodoma. O retorno do advogado ao cargo foi debatido durante reunião do Colégio de Líderes na segunda-feira (6). A volta do advogado depende apenas de ele próprio aceitar.
Faiad foi preso no dia 14 de fevereiro, na operação que investiga suposto esquema que teria desviado R$ 8,1 milhões dos cofres do Estado, por meio da exigência de propina em troca da concessão de contratos e de compras fraudulentas de combustível.
No dia da prisão, o advogado escreveu uma carta de próprio punho solicitando ao presidente da Câmara, Justino Malheiros (PV), o afastamento do cargo “para não expor o Legislativo cuiabano”. Faiad foi solto seis dias depois, mediante pagamento de fiança de R$ 192 mil.
No entanto, desde a saída de Faiad, nenhum outro advogado foi nomeado para o cargo de procurador-geral, cujo salário é de aproximadamente R$ 12 mil.
Com o cargo vago, a Mesa Diretoria fez uma consulta a todos os vereadores sobre a concordância de trazer Faiad de volta, disse o vereador Toninho de Souza (PSD).
“Nessa consulta não houve nenhum voto contrário. Então, a volta do Faiad está definida. Houve um pedido dele mesmo para retornar. O presidente fez uma consulta ao Colégio de Líderes sobre se haveria algum posicionamento contrário – e eu mesmo fui um dos vereadores que disse não ter nenhuma posição favorável e nem contra”, disse.
Segundo o vereador, a maioria dos parlamentares se posicionou com neutralidade, visto que não haveria motivos para defender a volta do advogado ao cargo, como também não há processo transitado e julgado que possa impedir o retorno dele.
“Como não houve posicionamentos contrários, o presidente tomou a decisão de trazê-lo de volta. Ficou a cargo do presidente e ele manifestou que tem interesse de trazer o Faiad de volta”, afirmou Toninho.
Justino Malheiros confirmou o interesse em recontratar o advogado. No entanto, afirmou que a decisão final só será dada após uma conversa com o Faiad. Nos bastidores, o retorno do advogado é dado como certo, pois o mesmo já é visto nos corredores do Legislativo.
“Isso foi posto. Porém, é uma decisão da Mesa Diretora. Precisamos até saber se o próprio Faiad tem interesse. Não tive essa conversa com ele. Vou conversar mais profundamente e aí vamos analisar de uma forma mais técnica. Então, depende dessa conversa. Se ele tem tempo. Teremos que rediscutir o primeiro convite”, afirmou o presidente da Câmara.
Questionado sobre o retorno de o advogado prejudicar a imagem da Câmara de Cuiabá – já que Faiad foi preso acusado de ter recebido, enquanto ocupou o cargo de secretário de de Estado de Administração, R$ 916,8 mil de propina que seria destinada à sua campanha para deputado estadual e para o grupo político de Silval Barbosa, ex-governador preso – Justino Malheiros se limitou apenas a enumerar as qualidades do advogado.
“O Faiad é uma pessoa de minha extrema confiança, competente e que não tem nada que desabone a conduta dele. Ele é um excelente profissional. A Câmara precisa de pessoas profissionais que fazem um trabalho com competência e ele o desenvolve”, afirmou.
O pedido de retorno do advogado também foi reforçado por alguns parlamentares durante a sessão desta terça-feira (7). O vereador Adevair Cabral (PSDB), por exemplo, usou a tribuna para pedir o retorno de Faiad. “Gostaria de pedir que o Faiad seja o advogado desta Casa, pois o mesmo conhece e é decente”, disse.(Karine Miranda do GD)