O Ministério Público Estadual (MPE) suspeita que o ex-secretário adjunto de Transportes e Pavimentação Urbana, Valdisio Viriato, tenha participado de outros esquemas de corrupção para favorecer a organização criminosa chefiada pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
Ou seja, sua atuação não se restringiu somente a fraudes em combustíveis para desviar dinheiro público. Os indícios disso são citados pela promotora de Justiça Ana Cristina Bardusco no pedido de prisão encaminhado a juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda.
“Há fortes indícios que a atuação do representado não se subsumiu a presente investigação, apontando-se na verdade como responsável de outros esquemas que causaram prejuízos milionários na SEPTU, de modo que, tudo convergisse exclusivamente para atender os interesses da Organização Criminosa, agindo e interesse da administração pública e com consequência ao mato-grossense”, diz um dos trechos.
Não foi especificado, no entanto, quais seriam os episódios de corrupção que o ex-secretário adjunto estaria envolvido. Porém, é sabido nos bastidores a existência de uma investigação na gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) que envolve o programa MT Integrado, que destinava uma quantia de R$ 1,1 bilhão para interligar 44 municípios com pavimentação asfáltica.
O programa de infraestrutura, uma das bandeiras da gestão anterior, foi executado pela Secretaria de Transportes e Pavimentação Urbana.
A promotora Ana Cristina Bardusco citou que Valdisio Viriato é suspeito de integrar uma organização criminosa que seria liderada pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB) para desviar dinheiro dos cofres públicos. Porém, só foi revelada nas investigações que culminaram na quinta fase da Operação Sodoma,
“Por ser apontado como responsável por fazer o elo político entre a SETPU/MT e o Gabinete do Govenador, ocupava o cargo para promover os interesses do grupo criminoso. Esta investigação demonstra plena governabilidade naquela Secretaria de Estado para executar ações com manto de aparente regularidade e legalidade, afastando a atenção sobre a fraude instalada no fornecimento de combustível. E foi justamente por deter essa autonomia racional da SETPU que Valdisio Viriato autorizou e conferiu a operacionalização do esquema de desvio de dinheiro público da secretaria, por meio da inserção do consumo fictício de combustível”, destacou a promotora.
Outra suspeita é que o ex-secretário adjunto se transferiu para Santa Catarina com o término do do mandato do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), para “dissimular o alto padrão de vida que lhe rendeu esses anos de desvios de dinheiro público. Longe, fora do alcance do Judiciário, poderá facilmente evadir-se e livrar-se da aplicação da lei penal”.
A quinta fase da Operação Sodoma investiga fraudes à licitação, corrupção, peculato e organização criminosa em contratos celebrados entre as empresas Marmeleiro Auto Posto LTDA e Saga Comércio Serviço Tecnológico e Informática LTDA, nos anos de 2011 a 2014, com o Governo do Estado de Mato Grosso.
De acordo com a Polícia Civil apurou, as empresas foram utilizadas pela organização criminosa, investigada na operação Sodoma, para desvios de recursos públicos e recebimento de vantagens indevidas, utilizando-se de duas importantes secretarias, a antiga Secretaria de Administração (Sad) e a Secretaria de Transporte e Pavimentação Urbana (Septu), antiga Secretaria de Infraestrutura (Sinfra).