Assim como milhares de brasileiros, participei ativamente de quase todas as manifestações a favor do impeachment da Presidenta Dilma, sempre na expectativa de que tudo iria melhorar, tanto é assim que quando meus amigos mais próximos me perguntavam se eu acreditava no futuro governo, eu sempre afirmava com convicção: Quando um time de futebol vai mal qual é a primeira coisa a se fazer? Substituir o técnico, afinal, faz parte de nossa cultura.
Triste engano, infelizmente não é assim que as coisas se apresentam! O sonho de um Governo ético que vise em primeiro lugar seu povo, as pessoas que formam essa linda nação, parece cada vez mais distante, me faz lembrar de um ditado que aprendi durante minha juventude: “Às vezes construímos sonhos em cima de grandes pessoas…
O tempo passa e descobrimos que grandes mesmo eram os sonhos e as pessoas pequenas demais para torná-los reais” (atribuída a Bob Marley). Contudo, a “República Federal do Brasil”, este sim, é um grande sonho, pelo qual se vale à pena lutar, ainda que, eventualmente, sejam pequenas as pessoas que o dirijam, diante de tantos escândalos diariamente noticiados pela mídia.
Pelo que consta, o Ministro Geddel Vieira Lima é o sexto ministro a deixar o Governo Temer, em um novo/velho governo que tem menos de 6 meses de vida, ou seja, praticamente um ministro por mês, um governo que já nasce velho e desgastado.
Não bastasse isso, o fantasma da “Operação Lava Jato” parece um espírito sagaz que ronda e assombra o Governo Federal e seu parlamento, fazendo com que em um momento de grave crise econômica pelo qual estamos passando, os membros do Congresso Nacional se debrucem sobre projetos que longe de beneficiarem a nação, visam apenas e tão somente atender a interesses pontuais de parcela da classe política.
Isso mesmo! Me refiro aos PLS 4850/2016 e 280/2016, que juntos imobilizam por completo a “Operação Lava Jato”. O primeiro, em trâmite na Câmara Federal, trata das medidas anticorrupção, segundo o qual querem anistiar os crimes de caixa 2, lavagem de dinheiro, peculato, dentre outros figuras penais, nos casos em que advêm de doações de propinas para as campanhas eleitorais, a exemplo da ocorrida na Petrobrás, como bem está alertando o renomado jurista Luiz Flávio Gomes, em um vídeo que circula nas redes sociais.
Enquanto que o segundo, tramitando no Senado Federal, ao tratar do “abuso de autoridade”, visa criar mecanismos para que possam responsabilizar Juízes e Promotores no exercício de suas funções, como alerta a Juíza Selma Arruda, em outro vídeo, que também circula nas redes sociais.
A aprovação desses dois projetos, com o aval do Governo Federal, em nada acrescenta, muito pelo contrário, acabam com a “Operação Lava Jato” que tanto está ajudando na construção de uma sociedade mais proba e ética. Parece que diante da pressão popular e da repercussão negativa quanto à anistia do caixa 2 o Governo Federal estaria recuando quanto a este projeto, porém pergunto: Dá para acreditar?
Como admitir que em um momento em que a sociedade mais precisa que os olhos dos governantes se voltem para seus problemas sociais e econômicos, a classe política discuta e aprove projetos dessa natureza? Por essas e outras razões que vejo o atual Governo Federal como um Castelo de Areia que se desmancha pelo ar.
A “República Federativa do Brasil” é um grande sonho, pelo qual se vale a pena lutar, por isso acredito que novas lideranças haverão de surgir, que sejam éticas e que pensem, em primeiro lugar, no presente e no futuro da nação.
Rodrigo de Freitas é bacharel em Direito, pós-Graduado em Direito Público, técnico judiciário do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso e diretor jurídico do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário Federal do Estado de Mato Grosso.