Em depoimento a Polícia Civil no dia 14 de março deste ano, o ex-presidente da Companhia Mato-Grossense de Mineração (Metamat), João Justino Paes de Barros, revelou que comprava costumeiramente, quantias de barras de ouro em suas viagens a municípios do interior de Mato Grosso, para atender pedidos do ex-secretário de Estado, Pedro Nadaf.
Em troca, recebia 1,5% de comissão para a entrega das quantias de ouro que movimentaram até R$ 650 mil.
Essa articulação começou quando João Justino foi até o município de Peixoto de Azevedo e comprou uma pepita de ouro com deságio de até 30%. Como mantém amizade desde a infância com Pedro Nadaf, decidiu mostrá-la ao ex-secretário, que de imediato ordenou que fosse comprada barras de ouro e posteriormente entregues em mãos.
João Justino revelou que, em determinada ocasião, recebeu R$ 500 mil de Pedro Nadaf para a compra de ouro, o que permitiu a aquisição de 8 quilos do material. Em 2014, comprou 1,5 quilo de ouro pelo valor de R$ 150 mil e entregou ao ex-secretário.
De acordo com o depoimento, João Justino declarou aos delegados que Nadaf justificava a necessidade de compra de ouro para atender interesses de um grupo de empresários. Porém, não citou ninguém nominalmente. Informou apenas ter conhecimento de que uma parte do ouro foi direcionada ao ex-secretário de Fazenda, Marcel de Cursi.
Ao oferecer a denúncia criminal já aceita pela juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda, o Ministério Público citou que existe a suspeita de que Nadaf comprava ouro com dinheiro oriundo de propinas recebidas enquanto atuou no governo do Estado.
Isso porque a compra de ouro e metais preciosos é uma modalidade muito utilizada para a lavagem de dinheiro, normalmente em aquisições clandestinas, como a realizada, sem a expedição de documento fiscal que no caso de Ativo Financeiro é a Nota de Negociação de Ouro (NNO) e a Nota de Remessa de Ouro (NFRO).