A juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Arruda, negou pedido de perícia mental no ex-secretário de Estado Pedro Nadaf, para avaliar as condições psicológicas e emocionais nos depoimentos prestados nas ações penais que em figura como réu por suspeita de corrupção. A decisão seguiu parecer do Ministério Público Estadual (MPE).
O pedido partiu da defesa do ex-chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa, Silvio César Corrêa de Araújo, que foi reinterrogado ontem pela manhã, a seu pedido, na ação penal relativa a primeira fase da Operação Sodoma da Polícia Civil.
O advogado Leonardo Bassil Dower destacou que, enquanto permaneceu detido no CCC (Centro de Custódia de Cuiabá), fazia uso de remédio controlado em meio a depressão que enfrentou após ter a prisão preventiva decretada pela Justiça por suspeita de corrupção.
O jurista ressaltou que Nadaf ofendeu servidores e a direção do sistema prisional, o que lhe rendeu punições administrativas como impedimento de receber a visita de familiares e até mesmo alimentos vindos destes.
A defesa do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e do ex-secretário de Estado de Marcel de Cursi também concordaram com a perícia, mas o Ministério Público Estadual, representado pela promotora de Justiça Ana Cristina Bardusco, emitiu parecer contrário por considerá-lo desnecessário e improveniente, pois não havia nenhum indício de problemas mentais de Nadaf em seus depoimentos.
A magistrada acompanhou o parecer e ainda considerou que o pedido poderia ser interpretado como medida de má-fé processual devido ao mero intuito dos advogados em procrastinar o andamento do processo que está em sua fase final.
Encerrado o pedido, o Silvio César Correa de Araújo informou que o reinterrogatório foi um pedido seu para negar que tenha ameaçado o ex-secretário Pedro Nadaf de morte, conforme dito em depoimento na Polícia Civil.
“Nunca ameacei ninguém. Não é do meu perfil. Até acho estranho essa declaração. Quando a esposa e parentes do Pedro Nadaf compareciam ao Centro de Custódia sempre me cumprimentavam e conversaram comigo”, disse.
Silvio Araújo ainda atribuiu a declaração de Nadaf a um desejo de vingança, pois ambos sempre alimentaram diferenças enquanto atuaram no governo do Estado.
“Desde o início eu avisei o governador Silval Barbosa que nosso sangue não batia. Por isso, sempre repudiei as atitudes dele. Quando o Silval Barbosa viajava o Nadaf queria ocupar a sala do governador. E eu considerava isso errado e não deixava”, disse.
Respondendo ao questionamento de um de seus advogados, Silvio Araújo ainda disse ter conhecimento de que o ex-secretário Pedro Nadaf beijou a força uma agente prisional em uma das atividades na horta do presídio.
“Sim, isso ocorreu quando eu não estava lá. Ele beijou uma agente à força. Teve outra situação que ele assediou uma outra agente falando em inglês”.