As 21 estudantes de Chibok, libertadas após mais de dois anos em poder do grupo extremista nigeriano Boko Haram, finalmente puderam se reunir com suas famílias, nesse domingo, em Abuja. As adolescentes foram entregues ao governo na última quinta-feira, após serem trocadas por quatro membros de alto-escalão do grupo terrorista.
Durante uma cerimônia religiosa celebrada em sua homenagem, Gloria Dame, uma das estudantes libertadas, contou que chegou a viver durante um mês e dez dias sem comida e que as meninas quase foram atingidas por uma bomba do exército nigeriano. “Damos graças a Deus por termos nos reunido hoje de novo”, agradeceu, visivelmente emocionada e debilitada pela fome.
A jovem narrou sua história em uma cerimônia religiosa cristã organizada pelos Serviços de Segurança nigerianos (DSS), que orquestraram sua libertação com ajuda da Cruz Vermelha e do governo da Suíça. Convertidas ao islã após o sequestro, como afirmou em vídeo o líder do grupo, Abubakar Shekau, as estudantes de Chibok não “podiam rezar como fazem hoje”, explicou Gloria.
A cerimônia foi interrompida quando os pais das jovens, raptadas em em 14 de abril de 2014, caíram no choro abraçando-as. Traumatizas, as adolescentes passaram por uma avaliação médica e psicológica antes de serem entregues às famílias. Muitas foram forçadas a casar com combatentes do Boko Haram e tiveram bebês no cativeiro.
O ministro de Informação, Lai Mohamed, fez um discurso na cerimônia, onde insistiu que as “negociações com o Boko Haram não terminarão até que todas as meninas tenham sido libertadas”. Na ocasião do sequestro, 276 estudantes foram raptadas de dentro da escola onde estudavam, em Chibok. Cinquenta e sete conseguiram fugir logo depois e o exército confirmou ter encontrado mais uma em maio. Mais de 190 meninas ainda estão em poder do grupo terrorista.