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Uma leitura da campanha

Neste ano, as campanhas eleitorais são uma mistura de faltas e de sobras. Bem mais que as anteriores. Sobram promessas mirabolantes e faltam ideias e planos de governos. As sobras são frutos dos interesses imediatos e particulares, a as faltas, resultados das inexistências de criatividade e do pensar a cidade. Estas ausências são sentidas logo que se depara com os textos que são apresentados como ‘planos de governo‘, um dos requisitos obrigatórios para registros das candidaturas à chefia do Executivo. Isto deixa bastante claro que campanha eleitoral alguma, em Cuiabá, se destaca pelos seus próprios méritos.

As campanhas do Emanuel Pinheiro (PMDB) e a do Mauro Lara (PSOL) se despontaram. Despontaram-se à frente pelas fragilidades e pelos desacertos das campanhas do Julier (PDT), da Serys (PRB) e a do Wilson Santos (PSDB). Fragilidades e desacertos identificadas de longe, e, inclusive, por quem não são dados às coisas da Ciência Política, nem familiarizados com o jogo político-eleitoral.

Aliás, desde muito cedo, a professora Serys e o Julier se mostram sem fôlego. Por isso, ficaram no segundo pelotão, em companhia do Renato Santana. Ao passo que o tucano se agarrou como pode ao primeiro pelotão. Mas se agarrou sem o apoio pessoal e necessário do prefeito Mauro Mendes – bem avaliado pelos cuiabanos – ficou atrás dos dois primeiros colocados. E, para piorar, sua campanha se descuidou de ‘vender’ o seu currículo e as suas habilidades para o eleitorado. Razão pela qual sobressaíram seus pontos negativos. Estes, claro, foram massificados pelos adversários (única ‘virtude‘ de destaque das campanhas dos adversários do tucano).

Encurralada, a campanha eleitoral do tucano cometeu mais e mais erros. Um desses erros é o de não trabalhar a imagem do peessedebista. Imagem que poderia ser sustentada pela tese de ‘bom administrador’ e de alguém que ‘cuida do social’, com exemplos extraídos de sua passagem pela prefeitura (também como secretário).

Assim, parte do eleitorado cuiabano passou a não considerá-lo como autoridade com capacidade para resolver os atuais e antigos problemas da Capital.

Perdia-se, então, credibilidade. Tanto que pouca coisa mudou a seu favor com a entrada (importante) do governador na sua campanha. Sobressaindo-se, desse modo, a alta rejeição do tucano. Rejeição forte, baseada em um conhecimento, combinada com a má avaliação do candidato. Conclusão: seu crescimento ficou bastante limitado – horizontal e arrastado ao chão, no dizer dos especializados.

A campanha eleitoral do Wilson Santos foi e é toda conduzida equivocadamente. Agravada, claro, pela adoção do bater, dos ataques pessoais aos adversários. Tática bastante utilizada em campanhas eleitorais. A literatura especializada é rica neste particular. Mas, hoje, em razão da situação político-eleitoral vivida, completamente errada. Pois, ao bater e ao atacar os adversários, o tucano abriu caminho para o crescimento eleitoral do Emanuel Pinheiro e o do Mauro Lara. Além, claro, levou o peessedebista a perder tempo no horário eleitoral, ceder direito de resposta e teve propaganda suspensa. Situação bastante complicada. É isto.

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: lou.alves@uol.com.br.


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