Provavelmente nem mesmo no tempo das eleições com a propaganda eleitoral regida pela Lei Falcão, uma eleição tenha sido tão vigiada e regulamentada como esta municipal de 2016.
Ela muda radicalmente a metodologia das campanhas eleitorais. A Lei Falcão limitava a propaganda eleitoral a uma exposição mínima dos candidatos a partir da eleição municipal de 1976, até 1985 quando houve a redemocratização.
No começo o candidato mostrava a sua cara numa foto tipo 3×4 e se lia o seu currículo. Ao longo do tempo vieram sucessivas modificações, aberturas e depois graduais proibições como as agora que regulamenta detalhes da propaganda eleitoral.
Sem falar nas contas financeiras e na burocracia que envolve uma candidatura. O juiz eleitoral Lídio Modesto, disse–me recentemente em entrevista que “nesta eleição vai ganhar e levar quem errar menos”.
Como a propaganda é o canal de massificação dos candidatos juntos ao seu eleitorado, ela é estratégica. Regulada no rádio, na televisão e nos programas eleitoral gratuitos, resta-lhe a internet como um canal mais aberto.
Aqui surge a razão do título deste artigo. Já não se falará mais com o eleitor na velha linguagem de convencimento anterior. O candidato a prefeito tem tempo mínimo de 10 minutos em dois programas diários, e os vereadores em inserções de 30 a 60 segundos até 70 minutos diários.
Dividido entre centenas de candidatos, é tempo insignificante. Por isso, o modo de conversar com o eleitor muda completamente. Primeiro, porque ele está chateado e desconfiado com a política.
Depois, porque está claro que o forte da propaganda estará nas redes sociais que são mais baratas, e na sola do sapato. Candidatos mesmo os mais carimbados, não terão o mesmo apoio na mídia eletrônica.
O pouco tempo da aparição pedirá que os marqueteiros saibam, transformar a linguagem num tipo de fala que o eleitor compreenda e perceba sinceridade, etc.
Possivelmente a palavra ética seja usada ao limite. Mas ela traz junto outros conceitos como sinceridade, transparência e comprometimento real.
Voltarei ao assunto.
ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.